OXUMARÉ
Ubirajara Varela

Aproveitando o fato de que a temporada de chuva está se acabando, resolvi escrever sobre a primeira coisa que me viesse à cabeça ao pensar em chuva. E o resultado foi: Oxumaré.

Na sábia mitologia africana, Oxumaré é o responsável pelo transporte das águas entre a terra e o mundo dos orixás, mais especificamente, ao castelo de Xangô. Trata-se de um orixá diferente, pois ele é seis meses homem, seis meses mulher. É representado ora pelo arco-íris, ora por uma serpente. Oxumaré é o próprio arco-íris. Impossível imagem mais bela.

Mas parece que Oxumaré anda meio desgostoso com a nossa cidade. Realmente. Tem feio visitas muito breves e espaçadas. Em contrapartida, tenho visto pelos jornais, na televisão, na rede, visitas demoradas e intensas em alguns pontos do planeta, causando enchentes e fúria das águas. O que acontece? A natureza se enraivece pela nossa ignorância?

Seja qual for o nome de Deus: Oxalá, Maomé, Buda, parece que o homem não está agradando o universo superior. Mas isso é muita filosofia para uma manhã de quinta-feira, com sol forte às 09h45, calorenta e abafada, desejosa da intervenção do senhor Oxumaré. Acho que ele virá ao final da tarde. Até lá, esperarei tomando alguns banhos para me refrescar e estudando um pouco mais sobre os blogs. Mas eu queria mesmo é tomar banho de chuva. E assistir ao espetáculo do arco-íris, fenômeno físico-divino dos mais belos, depois de lavada a alma.

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