NOS LENÇÓIS MACIOS
Pedro Brasil Junior
 
 

Os cães ladram no silêncio da noite. As sirenes dão o grito de alerta!

Algo estranho no ar, no luar, no lugar!

Vidas de todas as formas, algumas quebrando as normas.

Sonhos reais dos que dormem e sonhos etílicos dos que se consomem.

Uma droga! Este é o mundo das drogas!

E o bem e o mau dilaceram a noite como hienas que dilaceram qualquer carne.

Putrefação no meio do mundo!

Mas há os que neste instante não se abalam.

Estão seguros entre os lençóis trocando energias de amor.

Lá longe, do outro da lado da esfera, as bombas explodem, as guerras eclodem e o desespero se alastra.

Mais distante ainda, os homens-bomba explodem os sonhos e seus próprios ideais.

Mas aqui, bem pertinho, habita num sonho o amor.

E o amor que tudo pode, deixa-nos seguros, apesar de ser apenas um instante.

A insegurança do mundo é abrangente, inconseqüente e factual.

Mas que importam as sirenes, as bombas, as balas, o ladrar dos cães se neste instante somos eu e você?

Seguros estamos, radiantes pelo pulsar dos corações, pelos toques sutis, pelo gosto de mel dos beijos, pelo sentir teu ser como um todo.

Daqui a pouco, o sol volta a brilhar, o mundo se movimenta e brevemente, outra noite virá, com os barulhos característicos produzidos pelos que não possuem tempo para amar.

Vivem em constante guerra, consigo e contra as sombras das ruas.

E com toda certeza, estaremos uma vez mais, seguros em nossos lençóis, sonhando com a paz do mundo em nossos travesseiros.

Porque o mundo seguirá seu trajeto, com a podridão de um lado, atraindo as hienas e com a essência das flores do outro, trazendo a magia incomparável dos beija-flores do bem viver.