MESMO INSEGUROS, É PRECISO...
Thaïs Martins
 
 
Risos cheios de beijos, desejos.
Não gosto de príncipes, despertei.
Cheiram a cavalos, prefiro você.
Mulheres acordadas sabem
É o Pessach das maçãs envenenadas,
Dos mísseis e dos homens bomba,
Dos coelhos e porcos fosforescentes,
Das cabras-aranhas que produzem teias,
Das sementes que não nascem mais.
Não há como viver indecisos,
Perdemos a terra prometida a Abraão.
É preciso, mesmo inseguros
Afastar as ameaças sombrias,
Reviver os ritos, lavar os pés de Cristo,
Purificar as águas da estação.
Ficar alertas ao som das pererecas,
Na lua crescente refertilizar as sementes,
Na lua cheia lançar flores aos rios,
Beijar a mão das estátuas e dos anciões,
Redistribuir o trigo, partilhar o pão.
Quem sabe dar boas vindas ao futuro,
Espantar o anjo da morte,
Renascer e celebrar a vida.
 
 
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