EXPECTATIVA
Andrea J. Santos
 
 

Dias intermináveis, sono que não se tem, a mente voltada em si mesma, prendendo o absoluto, escravizando o psicológico sem reação.

A expectativa é um enigma, dominante entre a alma e o coração. No absolutismo proposto pelo invisível, ostentado pela mente eufórica a esperar por um querer promissor ou um tanto inesperado, sonhado, desejado...

Em cada amanhecer um episódio, a ansiedade, a insegurança caminhando juntas na estrada dessa vida, dessa minha vida oscilante.

Ainda a olhar o horizonte sinto a alma estremecer ofegante, a esperar não sei o que, a desejar com anseio a chegada prometida e esquecida pelo tempo. Fleuma respira e perdida ainda busca no silencio a resposta para enlear-se em sossego e descansar dos traumas.

Os meus olhos enxergam a vida como um espetáculo, cada cena um aplauso, uma vaia, um lamentar desastroso ou a gloriosa admiração onde o público é eu mesma.

Sento-me na pedra do tempo, observo que os dias passam e a esperança do seu retorno é uma ilusão latente, obcecada... O tempo não pára para o meu lamentar, preciso viver, correr e acordar para a vida. Mesmo que tudo que eu sinta agora seja nebuloso demais para enxergar claramente, preciso entender que não haverá retorno, que acabou os sonhos, que as fantasias ganharam novo rumo, rumo ao além, além de mim.

Páginas rasgadas visivelmente, páginas gravadas no livro da minha história, na memória, no subconsciente e lá estarão eternamente, até o desgaste da minha carne mortal.

Se o tempo não pára para me correrei com o tempo , mesmo que a esperança insista em permanecer, porém não deixarei a agonia dessa espera me impedir de viver.

Durante a caminhada sempre caminhou comigo, mas aprendi a manter firme a confiança em cada momento vivido e na expectativa o controle dos meus atos.