COM QUE ROUPA
Adão Jorge dos Santos
 
 

Um dia quis ser escritor. Quis mesmo. Quis escrever novelas e romances fabulosos, imaginei que era só começar a escrever e pronto. Nascia um escritor. Estudei, fiz oficinas literárias e aprimorei o conhecimento pertinente a arte de bem escrever. Fiz a minha parte.

Comecei a escrever diariamente, primeiro um Romance que julguei tratar-se de uma obra de arte. Depois enveredei pelos contos e ultimamente estou atacando de poeta. Meus primeiros textos que tive a coragem de mostrar a alguém foram bem recebidos e me deram forças para continuar na difícil arte de escrever.

Hoje me considero um escritor, tenho um conto selecionado em concurso literário e um outro publicado em uma coletânea.

No mês de Dezembro, devo ir a cidade de São Paulo para participar de uma coletânea angelical. A pergunta que faço é a seguinte: qual o traje completo de um escritor?

Escritores escrevem, e escrever é uma profissão, mesmo que não renda o suficiente para que se possa sobreviver dela. Um escritor pode mesmo sem roupa exercer a sua arte, a sua ferramenta é a caneta, ou o computador. Escritores são seres especiais e intocáveis, quase inatingíveis, verdadeiras celebridades. Portanto e para a ocasião solene que se aproxima, e Independente da roupa que usarei, acredito que a primeira coisa que vão ver será o meu olhar intelectual que estou ensaiando incansavelmente para não decepcionar a platéia de leitores que estarão ávidos em querer saber quem é este escritor que esta encantando a todos com seus textos fabulosos e magistrais. Meu medo não é do traje que vestirei, mas de perder a voz na hora que tiver que discursar. Valha-me Deus!