BILHETE AZUL
Daniela Fernanda
 
 

Recebeu várias mensagens naquele dia. Mal o sol havia aparecido quando o celular anunciou o primeiro recado do dia. Sentiu-se feliz naquele início de jornada, a qual findaria tarde da noite.

Muitos bilhetes, mensagens, cartões...foram recebidos por ela ao longo do dia. Nada de incomum para um dia de formatura. Sabia que tinha chegado, com esforço, luta e coragem àquele objetivo tão almejado e, por isso, era natural que as pessoas que torciam por ela se pronunciassem dessa forma, parabenizando-a.

Cada palavra que recebeu, foi guardada com carinho na sua memória. Porém, teve uma mensagem que lhe tocou o coração de forma especial. Aquele bilhete pequeno bilhete azul ficaria tatuado nas profundezas da sua alma para sempre. Nada, nem ninguém, jamais poderiam apagá-lo.

Sem dúvida, as palavras que lia e relia eram palavras de importância existencial. Não conseguia se lembrar de ter recebido uma mensagem tão importante durante toda a sua vida. O teor da mensagem era breve e objetivo, mas esclarecia tudo e a fazia divagar sobre coisas que necessitariam páginas e páginas para serem explicadas.

O bilhete mostrava a importância, a quantidade de amor e a admiração que o autor nutria por ela. O carinho, o respeito, a consideração... tudo que tinham vivido juntos podia ser medido através dele.

Aquele "discurso" dizia tudo e, por isso, se tornara o centro de sua existência naquela data. Aquela mensagem tinha sido a mais esperada, a mais almejada, a única verdadeiramente desejada. Porém, ainda que expressasse o infinito, aquele bilhete era o único impalpável, pois foi justamente este, o bilhete do homem amado, o que foi esquecido de ser enviado.

 
 
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