VIAGEM
Andrea J. Santos
 
 

...Inusitadamente o olhei e não hei de mentir que os meus olhos o olharam com candura, instigando o meu coração a bater mais forte, exacerbado.

O tempo parecia parar e executar algo programado pelo destino. Minuciosamente o observava, em um silencio pacato e estudioso.

Sua voz inefável, seus olhos pequenos e demasiadamente belos. Embora os tremores vigorassem em meu ego, me mantive firme, inevitavelmente trêmula diante de sua face, mas a curiosidade me detinha a o olhar mais intensamente.

Enquanto o tempo corria, para me ele estava inerte, olhando para o seu rosto e tentando controlar a ecumênica timidez.

O ouvi falar das nossas semelhanças, das evidências e coincidências. Poucas vezes falei e atentamente o escutei com coerência.

Enquanto os meus olhos vislumbravam os seus, os meus lábios instigavam-me a beija-lo, a tocar a sua pele e em ávida vontade desfrutar do seu perfume mais de perto.

Em conversas e toques suavemente cuidadosos e pragmáticos o deixei livre para me pedir um beijo, pois a minha vontade aumentava a cada instante em que os meus olhos seguiam as palavras no mover dos seus lábios.

Minhas mãos nas suas ou as suas mãos nas minhas, para um primeiro encontro as coisas pareciam ir além do que eu consideraria natural, ao menos olhando para o meu lado tímido, afinal era a primeira vez que isso se sucedia comigo.

Mediante os seus conhecimentos e maturidade, me senti uma garota de quinze anos, embora tivesse 24 e ele 25.

Enquanto o tive por perto, cogitei diversas possibilidades; ser sua amada, a sua namorada, e sonhei os mais variados sonhos de amor, mesmo sem saber o que o futuro nos reservava.

O conheci de uma forma estranha e ao mesmo tempo lúdica, porém inesperada.

Sabe, nessas noites em que você busca alguém para conversar e de repente não encontra ninguém, nem mesmo um amigo on-line para bater um papinho e passar o tempo? Exatamente assim eu estava, precisava passar o tempo, foi quando resolvi entrar em uma dessas salas de bate-papo e jogar palavras fora.

Comecei a teclar com um garoto inicialmente legal, o adicionei a meu msn para conversarmos melhor, até perceber que não tínhamos nada em comum e era totalmente tosco em relação a leitura. Não chegou ao extremo, mas foi um tanto grosseiro ao dizer que a minha vida só girava em torno de livros e poesias.

Me aborreci e não nego que o achei um ignorante, até o momento em que tentou se desculpar, mesmo sabendo que eu nunca mais iria voltar a conversar com ele. Me falou de um amigo que se parecia comigo, no estado em que eu estava não estava nem um pouco interessada em saber de quem se tratava.

No dia seguinte ao entrar no meu msn, cumprimentou-me como se nada tivesse acontecido, fui clara ao dizer que não estava a fim de conversa. Logo me alertou ao dizer que se tratava de uma outra pessoa e que gostaria muito de me conhecer, já que o haviam dito que nos parecíamos tanto. Custei acreditar que era realmente outra pessoa.

Durante a vislumbre conversa notei que realmente não se tratava do mesmo rapaz, esse me parecia culto, inteligente e interessante o suficiente para prender a minha atenção.

Conversamos um longo tempo, podendo dizer que levamos horas.

Durante alguns dias nos comunicamos por internet e telefone, até encontrarmos coragem o suficiente para marcamos um encontro.

E assim mergulhei em uma viagem alucinante.

Embora o medo e os receios vigorassem em minha mente, crucialmente inerente a minha alma, superei e arrisquei pela primeira e última vez, talvez.

Ao está tão perto, um abraço, um beijo suavemente no rosto...

O mais inesperado momento chega, até os seus lábios me pedirem um beijo e eu perceber que as semelhanças se confirmaram ao sentir em minha boca a doçura do beijo tão desejado. Nos adejamos e seguimos viagem ao mundo dos sonhos dos futuros namorados...

Vontade é o que não me falta de desfrutar desse romance límpido e relativamente pasmo, porém lucilante...