DOR QUE ANDA
Ana Terra
 

O frio e a saudade aumentam. Preciso de suas coxas quentes e macias, que vivem correndo atrás dos neo-conservadores, para me aquecer. Disputa difícil.

Esta noite o vento resolveu cantar nas pedras. Você sabe que gosto do som e do frio. Esse prazer me completava antes de conhecer suas coxas. Hoje sinto dificuldade de me encaixar.

Aqui a vida corre dolorida. O quanto já conversamos sobre a complexidade do ser humano! Nada sabemos da alma. A intuição me pede para ficar mais alguns dias e vou obedece-la, apesar da saudade.

Nosso proximo casamento será de beijos e filosofias. Temos muito o que aprender sobre a arte de amar. Nestes últimos dias estou num curso intensivo.

Percebi o quanto confio em você e na dimensão do espaço que ocupa na minha vida.

Seu pudessse, sairia correndo para encontrar seus olhos de criança, filho, irmão, amigo e companheiro.

A casa ficou escura agora. A dor passeia sem piedade. Ela não é minha, mas sinto sua presença e minha importência.

Cobertores velhos me aquecem. Gringa pede meu carinho. Afago sua orelha cansada, com pêlos ralos. Ela está me preparando. Sei que sua última viagem está próxima. Minha grande amiga não humana precisa partir.

Penso na simplicidade e complexidade da vida.

Preciso de seu abraço filé. O mais macio de todos.

Teremos muitas idéias para trocar no nosso próximo encontro.

Beijos vagarosos - para contrastar com a fúria do vento.

Abraços confiança.

 
 
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