MIGUEL
Andrea J. Santos
 
 

Viver é uma aventura e seguir o caminho do amor, uma jornada infinita. Na verdade as minhas maiores aventuras eram traçar caminhos a procura do meu príncipe encantado, do meu anjo azul. Busca esta que parecia não ter êxito algum. Encontrei diversos anjos, anjos que pareciam iluminados e cândidos, mas na verdade não passavam de anjos decaídos.

Mergulhei nas ilusões e não temi o futuro promissor, embora as decepções caminhassem lado a lado comigo, não desisti dos sonhos. Embora as lágrimas insistissem em cair, traindo a minha alto confiança, não me entreguei a covardia em privar-me da tão sonhada felicidade.

Durante uma vida me enganei, pensava haver encontrado o meu grande amor, o homem que mudaria totalmente o meu destino e traria a concretização dos meus sonhos, porém foram buscas vagas.

Chega um certo período em nossas vidas em que o coração perde a sensibilidade e as decepções já não machucam tão impiedosamente como anteriormente. Digo que de um certo modo criamos um mecanismo de defesa no combate a tão desagradável dor; chamada síndrome do amor.

Em muitas das vezes me vi nos braços de anjos decaídos e me deixei levar pelas suas induções, palavras doces que depois se tornariam amargas como fel.

A minha ultima aventura durou uns dois meses, o ultimo anjo negro que me relacionei, pegou-me pela mão, enfeitou o meu mundo de falsas cores e por caminhos visivelmente claros pretendia guiar-me para o inferno. Escapei!

O meu ego não estava debilitado, se aprendi algo durante todas essas viagens, foi manter o orgulho, o amor próprio. Temi até me tornar como eles, pois usava vãs palavras e dizia coisas que jamais sentia o meu coração. Havia me tornado um deles?

Enganar isso sim estava aprendendo, dizer que amava sem nem ao menos sentir amor. Dizer palavras bonitas mesmo que precisasse fingir. Para toda ação uma reação, conseqüências das decepções passadas.

A vida é um enigma, viver na companhia da solidão é permanecer em um mundo sombrio e abissal.

Os sonhos mesmo frustrados permanecem, a necessidade de alguém que nos faça sentir-se importante é inevitável.

Uma noite eterna, onde o canto voluptuoso do vazio invade, agoniza... Os pensamentos vagos, lágrimas silenciosas a caírem no rosto, o coração sangrando sofregamente. Uma distância infinda entre o real e o imaginário.

Tomada de uma força dominadora expus a minha ânsia e desilusões, chorei copiosamente e totalmente desiludida desistir de continuar a busca por algo tão vão. Desacreditei na existência de um amor real e verdadeiro.

No meu mundo jamais existiria um anjo azul, não passara de meras fantasias de menina.

Onde a escuridão pairava, vi uma luz. envolvida de cores cintilantes e trazia consigo o cântico mais envolvente que meus ouvidos já ouviram.

A vida tem dessas coisas, o inesperado acontece quando menos esperamos. Um anjo real surge, quando os sonhos ameaçam desaparecer e adormecer no lago do esquecimento eterno.

Mãos suaves, voz inefável e encantadora, lágrimas cessaram durante o olhar fixo de um encanto indescritível e fascinante. Uma boa noticia para o meu coração sonhador, uma grande novidade para a minha alma de fada, onde ainda traumatizada sofria em temor das desilusões.

Mais uma vez deixo-me sonhar e não temer ao que ameaça vir. Mais uma vez estendo a minha mão e não temo caminhar ao lado de alguém que me faz sentir que a vida é inexplicavelmente inexplicável.

Cogito viver a maior história de amor com este anjo de nome Miguel, a noticia mais gostosa dos meus dias, o amor mais real e fantástico que já imaginei viver.

Viajamos para o mundo das fadas e cortejamos as estrelas no alvor do infinito, o anjo dos olhos mais lindos e demasiadamente belos que já pude ver, anjo de longas asas azuis.

O meu sexto sentido me diz que esse amor agora é pra valer. Que seja eterno enquanto dure...

Simplesmente, quero dizer que te amo.