AMOR E CONFUSÃO
Andrea J. Santos
 
 

Aturdida impressão, esta que me sufoca dando-me a dolência indesejada... Inevitavelmente penso em você, que na letargia de minhas alucinações surpreende-me com loucas promessas... Tempos invernosos me vêm, inundando as minhas fantasias reais. Pensamentos insolentes rejeitados pela razão e inaceitáveis ao meu ego.

Viver é uma nostalgia, onde os sentidos se coincidem e a confusão faz parte da sobrevivência. A verdade situa-se no absolutismo dos fatos, os receios da existência lunática de quem não aprendeu a viver... Penso e adormeço e ainda em sonho penso no que virá, mas para que pensar no amanhã se não nos pertence. Em uma incógnita reflexão sinto no peito a realista vontade de virar a pagina e deixar a vida caminhar nas linhas da escrita, na versão dos meus pensamentos, resolvo deixar a vida viver. Na ênfase dos sentimentos me envolvo na puberdade de minha liberdade em ama-lo e recriar em mim os sintomas da paixão ardente. Deixo-me enlear-se em seu amor e mergulhar na imensidão envaidecida de minha alma. Quebrantada pela ternura de seus olhos e recatada aos delírios de sua voz.

Encantos e contentamentos, fragmentos genuínos de sua afinidade e sensatez. Rendo-me sem mistérios e vivo os anseios que a vida oferece.

Enquanto durmo agonizo, uma ilusão patética onde a sua ausência predomina e me arranca a estima, deixando em meu corpo a marca do que é viver sem o seu calor. Enquanto durmo te encontro e não almejo o desejo que me arranca dos seus braços, pois são pesares, que meus pensamentos insistem em mim lembrar; o que será do amanha? Mas o amanhã não me pertence e torno voltar a realeza dos sonhos, onde o meu corpo é o seu corpo e sua vida a minha, o temor que me sufoca, na engenhosa loucura de um amor terno e uma confusão obscura.

Aturdida acordo e vejo diante de mim os seus olhos; o sol a invadir a janela do meu quarto e banhar de luz o meu corpo mal vestido... Embora um novo dia brote como flor em manhãs de primavera, desabrochando em plena vivacidade, busco a capacidade de ser feliz com a sua ausência predominando em meu coração errante. Sôfrega, vejo todos os dias um novo dia nascer, dando-me a amplidão de uma vida, que mal considero vida, sem você.

Vou vivendo a confusa subsistência de um amor nocivo e infindo em minha alma, até o dia em que de frente a você eu possa dizer, do amor que tenho, do amor que tive rabiscado em cada traço de minha vida, ocupando cada espaço...