PALAVRAS DE UM LOUCO
Marco Britto
 
 

Esqueçais minhas palavras,
amada!
Imploro-te!
Não lhes dê atenção,
e fingis que elas não existem,
que jamais existiram,
e que nunca passaram
de devaneios.

Ou então as considerais loucas,
insanas e dementes.
Pois é o que são, digo-lhe:
são palavras loucas e insanas,
Acredite-me!

Vós podeis pensar
no quanto estava eu
louco e embriagado
ao usar tais palavras.
Mas não as usei,
não as proferi.
Foram elas que arranharam
minha alma e
saltaram do peito.

Rebeldes e insensatas
é o que são!
Insurrectas palavras
a dar forma a sentimentos
que não lhe são seus,
onde já se viu?

Ficais, amada,
não se vá,
ouçais meu grito
desesperado!

Acreditais em mim
e considerais
todas as palavras
indignas e mentirosas
se esta verdade a pôr
distante do meu coração.