O FILHO DO SOL
Luísa Ataíde
 
 

“Se emites pensamentos negativos,
sejam de ódio, de egoísmo, de inveja ou de orgulho,
endereçados a outra pessoa, as vibrações desse naipe
alteram o fluido cósmico que te envolve,
e o primeiro a absorvê-lo és tu mesmo”
– Miramez -

Auati era chamada toda gente loura que aqui aportasse no tempo da colonização. Numa manhã de 1649 a pequena embarcação tocou a areia da praia e o homem alto de porte esbelto, cabelos da cor de ouro velho, trazidos amarrados para trás, retirou as botas e olhou a extensa vegetação até aonde os olhos pôde alcançar. Abriu a mão ao pequeno curumim que lhe estendia a estrela marinha e sentiu como se estivesse de volta a casa. O velho Pajé da tribo apontava-lhe o lado direito , pois que viu o estrangeiro e o grande espírito das florestas como sombra ao seu redor. Reverenciou o homem branco e a grande divindade de cura que o acompanhava. Fernando Vinha à Terra de Santa cruz por ordem do rei Felipe IV rei da Espanha . Entendia o rei que a Escola de Navegação de Sagres lançava os grandes comandantes e suas embarcações aos mares sem indagar-lhes a pátria de origem, sendo assim por que dar a Portugal a superioridade de domínio sobre as terras do sul da América?

Mas os caminhos que a suprema espiritualidade traçara para o jovem auati passavam longe de desavenças políticas e interesses marítimos. Fernando não teve dificuldades em aprender a língua dos índios e a conviver com eles. Aprendeu todo o segredo das ervas da medicina nativa. O aprendizado lhe era como canção de infância vindo-lhe aos poucos aos ouvidos. Sabia no íntimo que sempre pertencera àquela terra. Homem de extremada fidalguia e detentor de posses em terras de Espanha, não teve dúvidas em mandar distribuir seus bens entre os mais necessitados e não mais voltar ao país de berço. Para que tesouros, se tinha o doce das frutas, o céu estrelado para admirar em noites claras, a imensidão das matas a fornecer o remédio a todos os males do corpo? Acompanhou o sofrimento dos irmãos vindos da África e de igual forma aprendeu os costumes e a língua dos que fariam um dia a nação Zumbi. Ouvia as lendas dos orixás da chuva, do arco-íris e do vento com imenso respeito, entendendo a interpretação que cada povo que se espalhara no planeta fazia do Criador, tão diferente do que lhe fora moldado no cristianismo de Castela.

Fernando Miramez de Olívídeo aprendeu que a força do pensamento faz a saúde do corpo e que toda dor vem do próprio homem. Dedicou-se ao estudo da saúde espiritual e física e seus ensinamentos espalharam-se em inúmeros livros de mensagens que edificam o aprimoramento do homem em conhecer as respostas simples que a natureza fornece. O Filho do Sol, como fora chamado, nunca abandonou a Terra Brasil. Sua essência vive nas penas dos pássaros, no poder curativo das plantas, na chuva que renova a terra para o plantio do alimento bendito.

Inspirado no livro Iniciação Viagem Astral- João Nunes Maia, Editora Fonte Nova