ERA UMA VEZ UM TRADICIONALISMO E UM TALVEZ
João Gilberto Engelmann
 
 

Sei lá. Tradicionalismo pra mim? Queiram me perdoar pela dúvida ou, talvez, ignorância. Mas pra mim, quase que não me diz nada. Dizem que o contexto da infância é um pouco responsável por isso. Talvez. Talvez meus pais não me ensinaram a usar bombacha. Ou a usar lenço e dançar chula, afinal, desses aspectos, só me sobra o chimarrão. Mas isso é outro papo, chimarrão é coisa de índio e que aprendemos com eles. Mas leio muito sobre o tradicionalismo, e um tanto disso por esse crítico bem crítico folhetim, se serve tal assertiva. E isso até me confunde um pouco. Às vezes não penso direito, acho. Ora, devemos deixar quer o pensamento flua sem aquela necessidade toda de ser eficaz. È isso que sucede em meus interstícios de razão, que, às vezes, penso ser sonho. Precisamente estou sonhando; e nada desmerece, a meu ver, algo que é escrito enquanto sonho, pois afinal, também no sonho há raciocínio. Mas não quero me perder, talvez o faça em meu desvaire de sonâmbulo, mas estava falando do que em mim há, seja por influência da infância, seja pelo que me há de influência no mundo que agora compartilho com vocês, da idéia de tradicionalismo. Até me doem as fontes, tão peculiar e difícil é opinar sobre isso. Uns me acusam de desertor da ordem que me identifica como origem de bagual (não acredito que escrevi isso); outros dizem que sou muito o cultivo de uma origem que não tem fundamento histórico. Hum, isso me parece complicado e paradoxal, ainda bem que é sonho o que agora há em mim.

Mas, ( lembremos, o sonho é possibilidades) o fato de ser sonho não exaure aquela minha dor nas fontes. Vejo-me com duas possibilidades: acordar e esquecer o assunto, ou, ignorar a dorzinha malévola e pensar o assunto. Acho que seria linchado se me acovardasse e esquecesse o assunto. E isso não é sonho não! É realidade; seria esgualepado. (hehe, acho tão fonético algumas palavras que as uso pelo sabor do hálito e pela harmonia de sua pronúncia.) Sim, melhor não esquecer nada, até porque, estamos tratando de origens, e mais, a minha origem; a origem de vocês, cara!( a propósito, vocês gostam da revista Caras? Eu não sei não...)

Tchê ( já chega!), quero acreditar que tenho razões para me orgulhar de seu gaúcho. Juro que quero! A melhor educação (me permitem uma gargalhada?), um clima subtropical favorável que até nos identifica com a Europa, cidades famosas por serem capitais nacionais disso ou daquilo, etc., etc., etc. Parece legal ter orgulho gaúcho. Todavia, não quero formar, aqui, um texto paradoxal e elencar, nesse momento, o que temos aqui no estado e que, definitivamente não presta. Acho desnecessário...talvez não...talvez sim...talvez! talvez também, esteja eu perto de uma conclusão. Talvez não seja só um sonho/pesadelo que me sonda pra testar minha sobriedade. Talvez tudo isso seja mesmo verdade. Mas acontece que o talvez me persegue. Talvez sim...(sim!).

Vejo, e isso enquanto sul rio-grandense, que tem algo que não está cheirando bem. E isso é muito mais que a Frangosul ( será que posso nomear assim, redação?) Talvez a História de meus bancos escolares não me disse tudo sobre a Revolução Farroupilha e nem sobre os Bentos vestidos de heróis. Talvez esteja, com isso, puxando a brasa pro meu charque, tal qual Bento Gonçalves o fez na defesa de “nossas terras”. Porém, pode ocorrer que isso que digo não seja pura metáfora. Que seja mais, seja melhor compreendida quando de uma visão denotativa. Talvez meu charque não seja o meu charque. Talvez meus heróis estejam travestidos e protegidos por uma imaculada história de enganos. Mas não esquentem, o talvez me persegue...