Eu
sobrevoava com o meu helicóptero os caminhões despejando
areia no limite do imenso mar de gelatina verde. Sobrevoei a praia que
estava sendo construída e o helicóptero passou sobre o
caminhão de gasolina onde um negro experimentava o lança-chamas.
(PANAMÉRICA, Jose Agripino de Paula).
então eu estava lá e vi a luana piovanni se masturbando,
e não era tarde, nem claro feito o dia -, mas tudo, porém,
ia mais ou menos conforme o combinado. ela deveria deitar-se numa banheira
de espumas e, ao primeiro sinal do contra-regras, sentar-se na borda
com as pernas levemente escancaradas como naquela cena da galisteu
barbeando-se em playboy e, vagarosamente, render homenagens múltiplas
ao deus onan. ou não. hi, hi. quase tudo saía perfeito,
porque a certo momento marcos palmeira, que já a tinha comido
na vida real e que, aqui, fazia o papel de quem nesse mesmo instante
a iria ficticiamente de novo comer adentraria o cenário,
antes da hora, pois a moça ainda não havia de fato iniciado
o take mais cobiçado pelo intrépido diretor, bem como
por todos ali no set: um - digamos preciosismo autoral: antes
mesmo de apresentar aqueles pequenos e grandes lábios, a gostosa
deveria vir vagarosamente nua, virar-se de costas maravilhosamente
nuas e em close e... huum... abaixando-se como quem faz que vai
pegar algo de repente que caíra no chão cenográfico,
ofertar à plebe rude a esplendorosa bunda. talvez por isto palmeira
tivesse se excitado mesmo antes do tempo, porque o homem entrara já
no set totalmente em riste, decerto devido à intimidade off-set
com a moça e não se fez de rogado. perfeitos. sem
cortes. nos intervalos, lembravam velhos dias em caras, na ilha. meninos
vadios. tensões flutuantes. jetset meio jeca. mas todos lá.
lili, huck, liege, safir. boni, gugu, vavá, etceterrá.
gente da pesada. sertanejos de tudo, com circulação livre.
por isso mesmo é que a certa hora zezé de viola já
em punho começaria a entoar mais uma. e nessa loucura de dizer
que não te quero servia então de fundo para a língua
de palmeira em piovanni nos jardins palaciais de caras. e logo já
o jet estaria a fazer corinho, sobretudo porque rondavam a nobre carniça
paparazzis globais. mais um clip. é fantástico. na seqüência,
aquela zinha do bigbrother, fazendo claro uma ponta, apareceria
de coxas e seios, numa espécie de doméstica-fetiche, para
logo dispersar o casal servindo algo como suco ou café
exatamente quando o tal diretor gritasse: corta. e todos então
caíssem do transe astral voltando a si. a loura má
que estivera ali de intrusa apenas para gravar punhados de gafes de
cenas para seu próprio brilho chinfrim, de súbito, alucina
aos berros: onde foi parar meu baton e meu blush e meu pó? onde?
onde? ela desatinou. desandou a dar frenéticos pulinhos. eu vi,
meninos. que logo depois entrara o pai, na figura de um tarcísio
sóbrio, mas decadente. e que deveria com seus cabelos e bigodes
brancos convencer a moça de que transar assim não podia
cair bem mesmo aos olhos da vizinhança. na banheira. à
luz do dia. não que a vizinhança soubesse da banheira,
mas os gritos. os gritos de lascívia. (porque tudo deveria se
dar não com sussurros , mas aos gritos. porque valia
o script. o escrito). em verdade vos digo que na volúpia da cena
haveria momentos em que marquinhos pareceria roberto bonfim na dama
do lotação, com uma sônia braga puro suco nas mãos
na grade no bus, fazendo de tudo. todo dia toda hora toda madrugada:
cheio de inferno e céu. e ela gemendo entre lábios carnudos
sorriria, implorando já em desespero o delirante orgasmo que
perpassasse a mente do neville de então. roberto virou velha
celebridade. sônia foi para os estados unidos dar para redfords
westwoods, de niros que nada tinham a ver com a estória. marquinhos
táquitá. traçando tudo. neste instante sua tarefa
árdua, posto que lá fora batesse um sol lancinante, era
aquela. conforme dizia: - feijão com arroz . não seria
mesmo a primeira vez do cara com a loura. claro que depois dele teve
o fulano o cicrano o beltrano o fulano e isto de alguma forma
não lhe batia bem na mente agora. lembrava, sim, daquela entrevista
do py no gugu. putz. mistura de realidade e ficção? esquizofrenia?
trauma de macho? porque afinal ele também andara saracoteando
por aí em capas e revistas, louras e morenas. fora visto em bandos
em bares do leblon e do cosme velho. ia agora encanar? vixe, mas que
nada. o homem era profissa. casca-grossa mesmo. canastrão
é vero -, embora nem estivera metido em coisas de terra nostra
(aliás, cá pra nós, sem trocadilho: se diz por
aí que o que menos se deu ali foi comilança. porque parece
mesmo que um dos dois não é lá muito chegado, sssss).
mas consta que marquinhos fizera o tal 21 inúmeras vezes. hi,
hi.... luana alucinada queria era mais. tô nem aí. todo
mundo é de ninguém. entre dentes vinha também nessas
horas à mente a capa em que a beldade se declarava dadeira. ou
a outra onde falara de sua doudeira, quero dizer doideira. no vão
de gabeira e giba e zé quando perguntado sobre o que levaria
para uma ilha deserta ou o que não esquecia de trazer na bolsa
- ou alforje - quando saísse de casa: um tapinha não dói.
e era de fato do que ela mais gostava. claro que só marquinhos
tinha esse segredo de alcova. na bunda na bunda na bunda, como diria
manuel bandeira trêbado em antigos carnavais: na boca na boca
na boca. sessões sadomasô na mansão. diz que ela
gostava sendo amarrada. gozava alucinogenamente. tipo assim, dizia:
pra relaxar. piranha. pensava. por isso talvez é que palmeira
entrara duro. de primeira. era a cena: olhos rijos na mina, cuja reação
mais radical fora abrir-se em flor. rosada. pensava marquinhos. quem
faz 21 vinte e dois faz. fartaram-se. vou te contar.
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