ESCRAVO E SENHOR
Pedro Brasil Júnior
 
 

Outrora, meu coração pulsava pelas savanas da vida apenas e tão somente captando as emoções da liberdade.
Mas houve um tempo em que repentinamente foi aprisionado!
Escravo, agora, das ditas agruras da existência!
Ainda assim, seguiu palpitando por obra das ilusões perdidas.
Forte e esguio, meu coração jamais se permitiu entregar-se de todo
ao aprisionamento então imposto ou escolhido.
A liberdade viria, irremediavelmente, quando menos esperava e fazia outras escolhas ao longo da minha jornada pelos infinitos
campos da paixão.
Cavalguei o vento, atravessei corredeiras, enfrentei a fúria das ondas
e me deixei levar por um silêncio constante em meio às minhas divagações.
Consultei as páginas do meu livro e descobri que meus começos eram sempre no final da história. Não tive assim, recomeços diante dos meus tropeços. Esse começar de novo jamais ficou explícito diante das minhas vontades.
Meu coração segue palpitando e acolhendo as emoções em todos os graus. Amanhecem os dias e a vida recomeça! Brilham as estrelas no firmamento e abrem-se os parêntesis para uma nova jornada.
Tudo é um recomeço, mesmo que ao avesso!
Tudo é um compasso, a cada passo dessa apaixonante aventura.
E paixão é a energia que a tudo move e que faz com que a vida realmente valha a pena!
Meu coração, que já foi escravo e senhor, é hoje apenas um fragmento da liberdade.
Enquanto livre caminho, enquanto livre determino e faço escolhas, o mundo segue sua trajetória misteriosa através da galáxia.
Meu coração é, ora pois, um viajante do tempo!