COTIDIANOS
Zeca São Bernardo
 
 

Mesa de bar,
Boteco cheio...
Um trago daquela cachaça,
Um comentário maledicente sobre
A bunda da menina que do outro lado
Da rua passa.

Mais cigarro aceso,
Mais uma ficha de bilhar,
Mais uma cerveja aberta.

Um comentário sobre aquele time
Que sempre perde.
São Jorge guerreiro que me defenda,
Murmura alguém.

Crianças que pedem doces, manhãs
Calmas, tardes lânguidas, noite mansa
Que se aproxima trazendo chuva fina.

Horas costuradas como retalhos fossem de
Uma colcha qualquer.
Que cobre e esquenta, mesmo sendo
Conhecida de sempre a saudade do sonho
Segue a esperança sem pressa.

Dia á dia, noite após noite, solidão após solidão...
Mais um trago de cachaça, mais um cigarro aceso,
Outra solidão, mais uma cerveja aberta.
Tudo somado, divido, multiplicado e fracionado
Pelo tempo que também passa.

Outra ficha de sinuca sobre a mesa velha, mão de cartas
Marcadas cortadas pela sorte que me foi tantas vezes
Mui ingrata.

Cotidianos, vidas, sem fim, tormentos, sorrisos, piadas...
...apenas pretexto para mais uma conversa fiada.