DANÇA
DO TEMPO | |
Mairy
Sarmanho | |
Primavera. Nasce a menina de meus olhos. Linda. Flor de encanto. Esperança. Lá fora os pássaros fazem ninho, as flores se rendem ao encanto do sol e se transformam em cachos de fecundidade. Estação do amor, da alegria, da esperança. Verão. Nossos olhos se cruzam e as promessas são feitas. A menina pensa no futuro e eu lhe prometo um futuro. Sabemos que outros tempos virão. Mas estamos coesas. Apaixonadas. Mãe e filha. Elos de uma grande corrente genética. Outono. Os olhos da menina brilham enquanto a chuva lava a rua. Outrora valorizava outras coisas, outras pessoas, outros ideais. Hoje sómente minha filha vale a pena. As árvores perdem suas folhas e eu perco meu sentido próprio. Inverno. Ela começa a caminhar. A passos trôpegos se afasta de mim. Corro para alcança-la. Vai chegar o tempo que nos afastaremos. Mas não hoje, não agora. A neve tinge de branco a paisagem e ela adormece agasalhada em meu colo maternal. As estações passam e nós ficamos. Minha filha é o milagre do amanhã. A estação maior do mundo. O início do tempo e o tempo final do início! | |
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