Tema 011 - PASSARINHO
BIOGRAFIA
CURRUPACO
Leozinho
Atenção: Trata-se de uma história verídica!

Essa nossa vida, em certos momentos, realmente é muito engraçada. Quando você pensa que já viu e viveu tudo, lá vem ela nos colocar em situações por vezes ridículas. Agora mesmo, estou passando o maior sufoco! Explico: Moro com minha mãe há uns dez anos numa pequena vila de cinco casas no centro. Um lugar bastante calmo.

Eu sempre achei que o grande problema de quem mora em vila é o tanquinho comunitário. Felizmente, aqui na vila todos têm em suas casas tanque de lavar roupa. Entretanto, quem não prefere, entre uma lavada e outra de roupas, observar (e porque não dizer comentar?) a vida alheia. No nosso caso, até que temos vizinhos calmos e bastante reservados.

Voltando ao que me atormenta: Há cerca de uns dois meses, veio morar na casa ao lado da nossa uma simpática senhora que vive sozinha e tem como único companheiro um também velho papagaio (nada a ver com o da Ana Maria Braga).

E foi numa dessas tardes de muita observação e esfregação (ou será esfregada?) no tanque (esfregação de roupa, diga-se de passagem), que nasceu uma grande amizade entre essa senhora e minha mãe.

Pois é, no sábado a senhorinha veio pedir à minha mãe que ficasse com seu papagaio de estimação pois ela precisaria se ausentar para visitar o filho em Mauá. Minha mãe, como boa vizinha que é, concordou e pediu para que a senhora colocasse o bicho na nossa área de serviço.

Devo confessar que desde molecote, qualquer coisa que tenha pena, bico e voe quero longe de mim! Talvez porque muito me impressionou aquele filme do Hitchcock no qual um monte de gente sai correndo pelas ruas da cidade perseguidos por zilhões de pássaros! De maneira que não quis dar muita importância ao fato, nem me preocupar com o animal!

Nesse dia o calor estava de rachar! Uns quarenta graus à sombra! Sabe o que a mulher fez? Pendurou a gaiola do papagaio num varal que fica bem em frente ao motor do ar condicionado do quarto da minha mãe e foi-se embora.

Minha mãe, Creusa é o seu nome, sempre tira uma sonequinha após o almoço e não foi diferente naquele dia. Ligou o ar condicionado, no máximo, e foi dormir. Ao acordar, umas três horas depois, lembrou-se tardiamente do velho papagaio. Já era!

Quando cheguei em casa à noite, minha mãe triste relatou-me o acontecido. Particularmente, sempre fui contra prender papagaio, passarinho ou qualquer outro bicho em gaiolas. Sugeri, então, que ela enterrasse o papagaio e, quando a vizinha voltasse, contaríamos tudo.

E é justamente aí que começa o meu drama! Minha mãe recusou o que eu propunha e o que foi pior, teve a infeliz idéia de enrolar o papagaio num papel alumínio lá e, pasmem, colocá-lo no congelador da nossa geladeira! Disse que queria entregá-lo intacto à dona!!!

Já tive até pesadelos com isso! Sonhei que ia pegar um copo d'água e saia de lá aquele bichão verde e enorme dizendo: Currupaco Papaco, acordei!

Conclusão: Hoje já é quarta-feira, a senhora ainda não voltou de Mauá e desde domingo eu não abro, não como e não bebo, nem por um decreto, nada que venha daquela geladeira!

Será que Freud explica?

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