Tema 025 - OS PECADOS CAPITAIS
BIOGRAFIA
PINTANDO O SETE
Rosi Luna

Brincando de sete capitais, sete pecados, sete vidas, sete palavras, sete mulheres, sete parágrafos.

Rio de Janeiro -  Sra. Luxúria
Brasília - Sra. Soberba
São Paulo -  Sra. Ira
Salvador - Sra. Preguiça
Belo Horizonte - Sra. Avareza
Recife - Sra. Inveja
Porto Alegre - Sra. Gula

No Rio de Janeiro andava a morena cheia de graça chamada Luxúria, rebolando suas ancas e chamando para o calor quente de seu corpo, em um convite apetitoso ao desejo de morrer no gozo e no deleite. A carne era o apelo pelo qual todos os homens cairiam em tentação pois aqueles segundos de prazer levariam qualquer um ao pecado. Aves erectum penetraivum est. Será que isso é latim, ou inventei agora? Fique com a opção dois.

Lá em Brasília viveria a Soberba, uma mulher fria calculista e arrogante. Diante de qualquer situação caótica ela continuava com o nariz empinado e pose de que tudo estaria sob controle. A Soberba além de tudo vivia se queixando que estava sempre assoberbada de trabalho, era uma metida que não queria cair do salto mesmo quando pisava numa poça de lama. E parece que o Planalto tava bem enlamaçado. E o salto dela continuava Plataforma de Congresso, altura 10.

E no acizentado de São Paulo estava a Ira, vivia irada com o trânsito, com as filas, com a poluição, com as dificuldades de uma grande metrópole. Todo dia vestia um conjunto cinza e saia pra desfilar na Av. Paulista, procurava um homem de coração limpo e sem a poluição do rio Tiête, mas estava tão díficil, quanto tomar um metrô vazio em horário de pico ou respirar uma brisa pura com canto de passarinho. Mas ela tentava assim mesmo. Saia sempre no final da tarde e uma fina garoa cobria seu corpo e isso lhe dava prazer.

E diretamente da rede balançando em Salvador vivia a Preguiça, ela era como se  diz lá no Nordeste uma mulher lerda, parecia que estava levitando, nem falava muito que era pra não gastar as cordas vocais, gastava isso sim a sandalinha de couro porque não andava, se arrastava feito cobra no chão. E tomando uns golinhos de água de coco, ela ia vivendo sua vidinha na sombra e água fresca e se caísse um Zé na sua rede era peixe... tinha fisgado sem querer.

E da terra do pão de queijo vivia modestamente a Avareza, era conhecida como uma mineirinha de mão fechada, ela era calma e quieta, falava baixim posso te dar um beijim. Tinha um jeito de mineirice de até achar um trem bom... mesmo com tanto solavanco. Era em Belo Horizonte que ela seguia a risca todas as regras do bom mineirim, até aquela que dizia o mineiro come quieto. Ela comia, repetia e ninguém ficava sabendo dos seus "causos". Era muito discreta a Avareza e regulava tudo, fechava a mão, a boca e só não fechava o apetite sexual, pois soube que praticar sexo era bom pra saúde e ela ia economizar com médicos e terapias. E a mineira fazia fuc fuc mas com som mineiro ficava assim fucim  fucim e nem pense que era focinho de cachorro não, era barulhim de trepadim em mineirim.

Lá em Recife vivia a Inveja ela se vestia toda de blusa de fuxico, mas morria de inveja da roupa de grife da prima rica de São Paulo. Tinha inveja do salário das professoras que era maior no Sudeste, tinham inveja do biscoito da fábrica, pois eles ainda estavam comendo broa de goma. Tinham inveja da água com tratamento sanitário, enquanto lá eles se contentavam em achar uma cacimba com alguma água que pelo menos garantisse o caldo do jantar. Tinham inveja dos carros blindados e a Inveja ultimamente não queria mais andar de jeito nenhum na carroça de boi. A única coisa que a Inveja estava satisfeita era com o cárater humanitário do nordestino de dividir até meio pão com o vizinho de barraco pra ele não morrer de fome. Ser bondoso nas adversidades, ser limpo, ser puro de coração eram qualidades que todos invejavam que a Nordestina Inveja tinha pra dar e vender, era uma mulher cabra da peste, sofredora mas decente, era um pouco invejosa, mas de um orgulho limpo, de uma coisa que chama-se brio, que muita gente nem sabe o que é.

Ela estava em Porto Alegre a Gula vestida de espeto de picanha, saborosa, tenra, apetitosa e como resistir?  E pra quê? Era só quebrar os ponteiros da balança, tudo estaria resolvido. E a tal de silhueta como ficaria?... ela ia ter que ir passar uns dias no spa e sem sonhos por favor, sonho de maracujá não dá pra resistir e nem fale essa palavra perto de mim... Gorda é a mãe,  coitadinha, depois de sete filhos tinha mais é que perder as medidas mesmo.  A Gula era muito gulosa, apetite voraz pra tudo, comida e prazer. Parece que  a vi  agorinha mesmo devorando uma picaaaaaaaaaanha, nem pense em outra coisa que os gaúchos são muitos reservados. Barbaridade mas que é boa a carne do sul é... de comer no espeto ou ao vivo mesmo.

E como sete é conta de mentiroso, tem mais de sete parágrafos e tem mais esse pecado a mentira e a mulher chama-se Pintora, e acaba de pintar o sete... sete motivos pra vc mover sete músculos da face e rir, pois o BRASIL é uma piada e só tem seis letras...

Protegido de acordo com a Lei dos Direitos Autorais - Não reproduza o texto acima sem a expressa autorização do autor