Tema 026 - MORRER DE AMOR
BIOGRAFIA
UM CASTELO À BEIRA MAR
Helô Barros

Ele poderia vir apressado, devagar. Chegar em ondas, em bloco, aparecer camuflado em dois ou três, como um acúmulo de nuvens púrpura ao nascer de um dia. O som que acompanha é o de bater de asas, uma sucessão de pássaros - serão gaivotas? - circulando. Ele ataca, persegue um destino mantendo os nervos à flor da pele, o coração crescendo na proporção e na função. Amor chegaria assim, do ar, da praia. Não sei porque praia, mas a imagem avizinhou-se e eu a recebo.

É na praia que as ondas quebram enquanto o surfista espera do ritmo da onda. A praia é mais que um esplendor natural, é recreação, meio de vida. O peixe chegando na rede, a espuma, o mistério do fundo e a fúria do vento. A beleza e o grande medo.

Essa é minha idéia de amor. Como posso pensá-lo morto ou morrer por ele se vivo desta esperança? Deste mar, desta praia, deste peixe riscando a areia no meio céu?

Busco-o com os pés descalços, por sobrevivência.

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