Tema 034 - LABIRINTO
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SÍNDROME DE EMOÇÕES
Regina Borges

Segunda era dia de Antônio.

Terça era dia de Fernando.

Quarta, bom na quarta, ela ia namorar na Internet. Tinha um namorado chamado Mário@net.com.br. Ele teclava como ninguém. Era um guri safado de 15 anos, que se fazia passar por um artista plástico de 35. Como fiquei sabendo disto tudo? Ora é muito simples... Era filho da minha vizinha, que sabendo ser Lucinha namoradeira deu um jeito de surfar nas ondas cibernéticas do seu coração. Foi ele, quem descobriu, que Lucinha sofria de labirintite amorosa, doença que ainda não está no dicionário por que a primeira atacada pela síndrome fora ela, a própria, a doidivanas.

Mas havia o quinto, aquele chato de galocha que tem ciúmes até da sombra da namorada. Este, até o nome dele dava medo: Lúcifer! Que diabos de pais, colocam este nome em um filho? Coisas de Brasil...

Este era uma tentação... Ligava de três em três horas, passava de carro na porta. Se buzinasse e ela não corresse à janela, acontecia um furdunço daqueles. Batia nos caras que olhavam para Lucinha. Era uma paquera infernal.

O pai de Lucinha, general reformado do exército, acostumado com a disciplina não estava gostando nada da indisciplina amorosa da filha e deu-lhe um ultimato:

- Ou decide ou vai para um convento... Convento no século XXI? Mas não é lá que trancam as moças encalhadas? Não, Lucinha não podia passar por aquele vexame e resolveu decidir. Marcou um encontrão com todos. Só Lúcifer não foi convidado, porque ninguém conseguia resolver nada com ele por perto.

Às nove horas do dia de todos os santos, lá estavam eles, os apaixonados de Lucinha, cada um com um ramalhete de flores nas mãos. Lucinha ligou a televisão, colocou um filme do seu ídolo e tratou logo de acessar a Internet, para conversar com o @net.com.br. Toda família reunida, esperando a histórica decisão de Lucinha. De repente, entra Lúcifer com um revólver calibre 38, dando tiros para cima. Todos trataram de se esconder o mais rápido possível. Lucinha, morrendo de medo, tentava explicar, mas o namorado ciumento deu um tiro na televisão e outro no computador. E de quebra atirou no Antônio e no Fernando. Foi aí, que o pai de Lucinha, recuperando os brios de policial, deu uma gravata em Lúcifer, imobilizando-o, enquanto os vizinhos trataram de chamar a polícia. Lúcifer, que era o próprio demo, safou-se e desapareceu como que por encanto. Lucinha desmaiada foi levada para o Pronto Socorro. Lá, conheceu um anjo chamado Rafael, que era o plantonista do hospital e exorcizou o seu mal. Era carinhoso como o Antônio, bonito como o Fernando, adorava os filmes de Richard Gere e era um internauta assumido. O labirinto das emoções de Lucinha parecia estar praticamente resolvido até que como que por encanto Lúcifer que estava disfarçado de Rafael apareceu novamente e transformou a vida de Lucinha num Inferno!

Moral da História: Nem sempre se consegue sair do Labirinto, quando o Minotauro é o demônio.
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