UM KB CHEGOU NO SEU CORAÇÃO?
Larissa Schons
 
 
Nos dias de hoje as cartas, os bilhetinhos, os bombons e as flores foram tomados pelos cartões virtuais, os e-mails, os chats e os emoticons, conhecidos também como carinhas virtuais. A rede se encheu de cupidos, de deuses e sereias que nos trazem a memória o momento de fascinação que produz o amor. Milhões de páginas se transformam em uma ternura pegajosa e até mesmo esponjosa, e nos oferecem a possibilidade de enviar postais com sonido midi ou wave, flores em jpg, cursores e ícones animados, poemas, jogos de palavras que fazem abrilhantar, ainda mais, aos que querem provar a sorte grande.

Mas a internet chegou muito mais longe do que possamos imaginar, ela trouxe o amor verdadeiro há um número incalculável de pessoas que, unicamente, se conheceram através da tela do nosso computador, esse marco iridescente de 15 polegadas no qual é possível expressar digitalmente os poemas, as palavras e frases mais profundas que a paixão e o coração possam irradiar. E já não é um segredo do moderno romanticismo tecnológico, senão um fato consumado por casais apaixonados que dizem um "eu te amo" entre beijos virtuais trazendo à tona o calor de quem na distância conseguiu encontrar a sua cara metade.

Alguns se atrevem a chamar a esta nova possibilidade cibernética de o novo Bordel de bordel, o espaço onde você não precisa desembolsar seus reais, mas sim kbs virtuais. Se bem que eu não chegaria a esses extremos.

Muitos corações ainda esperam a chegada de um Casanova cibernético, de um E-Gigolô zipado, de uns olhos verdes Suite, de uma Marilyn que nos desperte ao conectar o computador. Quem sabe no futuro isso seja o cúmulo do absurdo que depararão os nossos solitários ou encarcerados corações. Talvez o amor deixe de ser o que era, ou melhor ainda, passe a uma fase superior e mais intensa. Veremos.

No momento a rede seguirá oferecendo os seus serviços, cupido aguçou suas flechas e despertou as imensas possibilidades do computador. Mas, para aqueles outros que estão decididos de que o amor virtual é para os desafortunados, também existem páginas para ver e coisas para fazer. Como de costume, na rede tudo está servido, inclusive a polêmica.

Eu estou convencida, e posso dizer que conheço muito bem esse meio, já que lido com ele faz tempo, que a informática, mais concretamente a internet, contribuiu para melhorar as relações entre as pessoas, ainda que aja aqueles casos em que a paixão pela rede e a tecnologia causou estragos nas relações familiares.

Mas não nos policiemos ao meio, senão tenhamos cuidado para saber quem se esconde atrás dele. E que fique claro, nem tudo que reluz é ouro. Por um acaso você é fora daqui? É bom recordarmos sempre: ainda que agora tenhamos uma mente mais virtual, seguimos tendo um coração humano.

 
 
fale com a autora