PRESENÇA DE ANITA E
O IMAGINÁRIO COLETIVO
Lula Moura

Impressionante a força das imagens televisivas atuando no imaginário coletivo (não confundir com o "Inconsciente Coletivo" do Mestre Psicólogo Carl Gustav Jung).

A minissérie "Presença de Anita", que contou a história do envolvimento de uma jovem bela e sedutora com um homem mais velho, não havia começado ainda, mas as chamadas da emissora foram tão bem feitas e estrategicamente colocadas que já estava invadindo o dia-a-dia das pessoas...

Rio, manhã do dia 2 de agosto de 2001.

Betinho, um jornalista que há pouco ingressara num curso de Astrologia, conseguiu vencer a preguiça e foi correr numa praça próxima à sua casa. Quando isto ocorre (não é muito comum), costuma dar voltas por mais ou menos uma hora.

Lá pelo final da corrida, algumas meninas adolescentes começaram a brincar de jogar vôlei na tal praça. O jogo era no caminho da corrida, mas dava perfeitamente para conviver. Ele passava no meio do jogo com cuidado e elas cuidavam para a bola não acertar nele. Tudo perfeito para as voltas que restavam.

Numa dessas últimas voltas, ao passar pelo grupo, ouviu a voz de uma das jovens fazer o seguinte comentário:

- Presença de Anita!...

Não deu para ver quem falou, pois a fala deu-se às suas costas (acabara de passar).

Supôs por um instante:

- Elas identificaram em mim o personagem do José Mayer (Nando), pela diferença de idade, e resolveram brincar com isso.

Esta suposição foi imagem de um Ego (O Sol, diria a Astróloga) estimulado pela química da corrida, mas que prontamente sofreu intervenção de sua consciência crítica limitadora (Saturno, diria a Astróloga), que tratou de reformulá-la:

- Não. Elas identificaram nelas mesmas a personagem da Mel Lisboa (Anita), isto sim.

É. Parece que assim ficou mais adequado, pois a volta pra ficar igual a ele (José Mayer), pelo suspiro de algumas mulheres, teria que ser, não em torno da praça, e sim em torno da vida, portanto numa outra encarnação...

No entanto, numa volta posterior, uma nuvem de confusão, que parecia rir dele, se dissipou e as suposições vieram por água abaixo... (Netuno, diria a Astróloga). Pouco antes de passar novamente pelo grupo, ouviu:

- Vai, Ana.

A menina, que se chamava Ana, cortou a bola fazendo uma bela jogada, e a outra bradou novamente, comemorando o lance:

- Presença de Anita!... (se referindo à Ana)

Era, portanto, somente um comentário esportivo-juvenil.

Nada a ver com as suposições formuladas pela mente de um cinqüentão, provavelmente contaminada pelas chamadas da minissérie e por umas certas "aulas de Lilith" de uma Astróloga louca que anda solta por aí...

fale com o autor

Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.