ZELINHA
Luisa Jardim

A primeira pessoa que a palavra simpatia me traz à cabeça é Zelinha, assim chamada para não ser confundida com a tia que a criou, Dona Zélia.

Negra forte, gorducha mesmo, rosto redondo, lustroso, não é bonita (pelo menos não para os padrões convencionais de beleza). Mas é linda, pela meiguice, bondade e alegria que espalha ao redor de si.

Com mãos calejadas (ela começou a trabalhar como faxineira do Colégio aos 15 anos, para ajudar a sustentar a casa e agora, com 61, se recusa a "ficar aposentada") e braços roliços, seu abraço é gostoso e confortador. Muitas vezes eu chorei no seu ombro a saudade da minha mãe. Ela parece que "fareja" a nossa tristeza e vem conversar, acarinhar.

E como é cheirosa! Quando nos abraça, podemos sentir aquele cheiro gostoso de sabonete de rosas, de banho recém tomado, de cabelos acabados de lavar com shampoo de flores.

Nos lábios, sempre um sorriso... distribuído sem parcimônia ou economia (mesmo durante o tempo em que uma trombose quase lhe levou uma perna, agora felizmente curada ou, pelo menos, estacionada).

É ... para mim, Zelinha é a encarnação da simpatia. E, pensando nela, eu discordo do poeta* quando disse "simpatia é quase amor"... Não, senhor poeta, na Zelinha, simpatia é amor!

* Casimiro de Abreu

fale com a autora

Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.