MUNDO TORTO
Bárbara Helena
 

Não sei que dia é hoje. Em que lugar do tempo me perdi
Não sei em que retalho de seda fiz meu lenço
e as lágrimas que chorei por muitos mundos.
Não sei qual o soldado me deflorou primeiro
Não sei em que ruína procurei refúgio
das bombas matinais.
Não sei por quantas noites corri pelas fronteiras
tentando novos rumos.
Nem sei por quantos dias andei com os pés em chagas
Sem nunca retornar
Ao ponto de partida
Ao ponto pacífico
Ao ponto final
Não sei nem mais quem sou
Meu nome é legião.
Não sei por quantas horas chorei os filhos mortos
Não sei por quantos dias velei homens amados
Meu nome é legião.
Não sei que gesto louco
Não sei que dia morto
Não sei o que explica
Meu mundo torto.

 
 

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