NÃO SEI QUÊ, MARCELO
Marcel Agarie

Como todo mundo sabe, eu participo com textos da página Anjos de Prata. Um site destinado para escritores anônimos - e fãs de Mario Prata - que procuram um espaço para divulgarem seus trabalhos, escrevendo um texto semanalmente, com um tema proposto pela página.

O tema desta vez era: "não sei quê", que me deixou uma imensa interrogação na cabeça, sem saber o que escrever. Procurei por diversos lugares, olhando para o horizonte algo que relacionasse ao tema proposto, mas nada vinha na minha imensa moringa. Porém no fim da noite, quando os neurônios já estavam para dormir, bateu a inspiração.

Hoje tive um terrível dia de trabalho. Ultimamente está sendo comum, pois todos os dias estão roubando um pouco da minha tranqüilidade, me deixando cada vez mais irritado. E o pior de tudo isso, eu não tenho mais o consolo imediato de meu amigo Marcelo, ou melhor, doutor Marcelo. Doutor que alguns intitulam de Pop Star, graças ao seu estilo brilhante que somente uma estrela tem. E ainda tem aqueles que o chamam de Doctor, mas eu particularmente prefiro o mais simples, apenas Marcelo.

O dia de hoje também não foi bom para ele. Resumindo em palavras, foi péssimo. Se eu estava triste, irritado com as situações que estavam acontecendo, com certeza ele estava pior. Se ainda trabalhássemos na mesma sala, tenho certeza que eu não estaria tão irritado e ele não teria vivido um dia péssimo, seria no máximo ruim.

Para a minha felicidade, hoje recebi a sua visita, mas a sua fisionomia alegre de quando ele me via, não estava estampada em seu rosto e muito menos chegou dizendo - gritando - a sua saudação tradicional: Boa noite amigos!! Algo de errado havia acontecido e eu estava certo disso.

Conversamos durante algum tempo. Ele dizia estar insatisfeito com algumas situações que estavam acontecendo, enquanto eu ficava ouvindo suas palavras, deixando-o desabafar e colocar aquilo que estava sufocando sua respiração para fora. Eu apenas ouvia e confirmava, em um sinal de apoio as suas opiniões. Não sei o que passava em sua mente nestes instantes, mas poderia prever.

Seu estado emocional me transmitia que a qualquer momento ele poderia tomar uma medida muito séria, e foi o que ele fez. Em um determinado momento, ele saiu da sala dizendo que iria tomar água e voltou com o rosto coberto de uma angústia, que não sei como explicar. Automaticamente projetei-me em sua direção e dei-lhe um apertado abraço de amigo, demonstrando o meu total apoio em qualquer que fosse a decisão que ele havia tomado, e neste mesmo instante senti uma lágrima caindo sobre o meu ombro com o peso de toda aquela angústia que havia visto em seus olhos. Isto me aliviou por saber que ele confiara em mim naquele minuto, tanto quanto o tempo que nos conhecemos. Homens não choram por falsidade ou na frente de quem não confiam. Meus olhos também se encheram de lágrimas, mas consegui me conter.

Como era hora de irmos embora, ofereci uma carona até a sua casa, e agora mais tranqüilo, ele me contara sobre a decisão que havia tomado. Parabenizei pela sua coragem e dei o meu apoio para continuar lutando pelos seus desejos e sonhos. Infelizmente a viagem até a sua casa foi rápida e tivemos que interromper a conversa com um saudoso aperto de mão e um demorado abraço. Tudo antes de eu dizer muita coisa que estava com vontade de lhe falar. E era aqui onde eu queria chegar.

Gostaria de lhe dizer que aconteça o que acontecer, estarei sempre do seu lado para apoiá-lo, estarei a disposição para ajudar em qualquer circunstância ou ocasião. Também preciso agradecer pelo tanto que fez por mim. Por me incentivar a querer ser alguém na vida, por me apoiar em minha vida pessoal e profissional. Por me corrigir todas as vezes que eu dizia "por causa quê", me livrando deste horrível vício de linguagem. Enfim, por ser o meu amigo de todas as horas dentro e fora da empresa, além de estar sempre do meu lado quando precisei.

Amigo Marcelo, que você tenha muita paz e tranqüilidade quando o sol amanhecer no dia de amanhã. Um grande abraço.

Obs.: Não sei quê, por causa quê. Bahhh!!! É tudo igual.

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