BUSCADOR
Fátima de Carvalho Palácio

Não lembro quando começou. Mesmo que pudesse, não quero.

Assim de repente, estamos casados. Acordei dona de uma casa, de pratos, talheres, marido. Uma rua calma, passeios no final de semana.

Então começou a sobrar tempo.

Eu tinha tanto tempo para não fazer nada. Daí passei a freqüentar lojas de cds, depois passei para roupas, depois descobri a Internet, as salas de bate-papo.

Quem nunca entrou em uma atire a primeira pedra. Quanta coisa. O mundo todo, aqui. 

Simpatia, era esse o apelido.

Achei assim meio brega. Mas meu marido era cada vez mais marido. O tempo cada vez mais antipático.

Simpatia cada vez mais simpatia. As descobertas nas tardes de verão. Será que ninguém trabalha nesse mundo de teclas, de delete?

Encontrei Simpatia no shopping.

Aquele que fica na Av. Paulista. Você sabe como é o sorriso de uma pessoa simpática?

Você sabe como é terminar o dia em um motel de segunda categoria? Achando tudo tão simpático.

Apenas um começo nesse mundo tão atual. A linguagem da moda, o saber dominar meu login.

Final de semana.

Hoje, enquanto programo batizados, casamentos e missas, engano um possível divórcio. Escolho pratos, talheres. Apelidos. Hoje eu posso.

Tenho uma vaga, muito vaga saudades de alguém que se chamava Simpatia.

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