A VIZINHA DO 408
Francisco Córdula

Ela desceu comigo. Quando o elevador chegou ao térreo pude notar o quanto era linda. Olhava-me desconfiada. Seguimos para o estacionamento; para nossos carros, quando estou na porta do meu carro ela me chama:

- Senhor, por favor, pode me ajudar?

Aproximei-me e perguntei:

- Pois não, o que houve?

Para minha surpresa e espanto, aproximando-se de mim, me beijou apaixonadamente dizendo:

- Estou realizando um sonho, vamos para um lugar mais discreto?

Imediatamente entramos no carro e partimos para o paraíso...

***

Acordei assustado, voltando a realidade olhei para minha mulher que dormia a meu lado, e balancei a cabeça negativamente. Chateado me levantei para tomar água, e enquanto bebia pensava na protagonista do meu sonho. 

Carla, a vizinha do 408, que mulher! Que morena, de parar o transito. Difícil passar despercebida com aquele corpo malhado, cara de menina safada, enfim um tesão.

Havia se tornado o sonho erótico de 11 entre 10 moradores homens do prédio, desde que veio para cá há umas duas semanas. Todos comentavam sua beleza. Era a coqueluche dos velhos e a alegria dos jovens, uma loucura, eu mesmo sonhava com ela quase todas as noites. Deliciosos sonhos. Às vezes me pego sonhando com ela acordado, uma loucura!

Inegavelmente a melhor coisa que apareceu no prédio nos últimos tempos. 

Volto para cama, me deito, tentando dormir mais um pouco, quem sabe não consigo continuar de onde parei. Olho novamente para minha mulher que ronca ao lado, balanço novamente a cabeça, negativamente.

Viro-me de lado, penso na Carla, dou um sorriso amarelado e lamento não ter coragem de abordar aquela beleza. Só me resta sonhar e entre sonho e realidade suspirar:

Ah, se eu pudesse... Ah, seu eu pudesse...

fale com o autor

Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.