UMA RESPOSTA PARA O MEU FILHO
Mariazinha Cremasco

- Por que as Irmãs do colégio vivem dizendo na aula de religião que devemos ajudar aos pobres e necessitados, e quando eles tocam nossa campainha você não atende ou, se atende, diz que não tem nada para dar? Você é má ou as Irmãs estão ensinando errado? Você está certa ou estão certas as irmãs?

- Por que você diz que não se deve mentir, e de vez em quando pede para a empregada dizer que você não está quando o telefone toca?

- O que é sexo oral? Por que as pessoas casadas dormem juntas e na mesma cama?

- Por que Papai Noel trouxe o presente que pedi e não trouxe os que os filhos da Maria pediram?

- Por que eu tenho dois irmãos e o Rodrigo, meu amigo, é filho único? Eu detesto ter irmãos. Ainda mais sendo mais velhos do que eu.

Sabe, eu acho que nunca vou esquecer daquele dia na praia, (você devia ter cinco ou seis anos, nem me lembro mais) quando me olhou com aqueles olhinhos inocentes, fez a cara mais encantadora do mundo e me falou sério. Tão sério que parecia sentir-se culpado por saber coisas tão importantes.

- Mãe. Eu sei como e por onde nascem os bebês!

- Que bom, filho. Você já sabe isso? Que ótimo!

- É. Mas tem uma coisinha que ainda não entendi.

- O quê? Pode falar (eu morrendo de medo da pergunta...)

- Sei como nascem os bebês. Sei que moram na barriga da mãe até crescerem o suficiente para nascer. Sei também que o pai coloca uma sementinha na mãe, que se transformará no bebê que vai crescer lá dentro. Mas não consigo entender como é colocada a sementinha. É com canudinho pelo umbigo? É pela boca, como se fosse um remédio? É como uma pastilha, ou é um líquido? 

Hoje me lembro disso e acho muita graça. Eu tentava responder suas dúvidas sempre com a maior honestidade, clareza e seriedade. Sempre achei que se as crianças têm maturidade para perguntar, é porque têm também capacidade de entender a resposta correta. 

Eu me preocupava tanto com seus questionamentos, com sua cabecinha. Agora percebo como eram simples as respostas que você precisava. 

Hoje você é um jovem de cabeça boa. É esperto, inteligente e sensível. Tem uma memória fantástica. Lembra-se de detalhes incríveis, do tempo em que tinha dois, três anos. Agora sou eu quem te faz perguntas. Com você estou sempre aprendendo.

Agora você ainda me faz algumas perguntas. Poucas e sérias perguntas. Mas essas eu não posso lhe responder, filho. Simplesmente porque as respostas que você quer, as respostas que você precisa, você as tem. Estão aí. Bem dentro de você. Você saberá encontrá-las. Talvez demore, mas vai encontrá-las. Só o que quero é que encontre seu caminho, tire suas dúvidas, ame a vida e seja muito, muito feliz.

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