ESCOLHAS
Fátima de Carvalho Palácio

Sigo você pela cidade.

Dentro do carro, com a chuva molhando o vidro adivinho teu sorriso.

Que já foi meu.

Diria que a séculos, tempos de abundancia de eterno.Parada no tempo, avalio expor você ao ridículo de uma traição.

Direito a lagrimas, gritos, talvez porradas. Afinal deve ter lá seu charme expor as marcas roxas.

Não da alma, sutil demais. Do corpo mesmo.

Ir fazer exame de corpo de delito.

Fotografar para guardar, mostrar aos filhos. Está aqui, até apanhar, já apanhei. Prova definitiva de amor. Pelo delito, não pelo corpo.

Mas não importa. Você agora atravessa a rua.Coloco a mão na porta. Se eu abrir agora, estou entrando em um espaço que cheira a verdades. 

Sim, eu sei que você trai.Trai desse sempre.

A mim ou a você fica para discussões em aulas de filosofia.

Mas penso na escola das crianças, os advogados, as divisões.

O emprego que você vai perder para negociar melhor a pensão. A casa sendo repartida.

Talvez as crianças no jardim olhando a placa de vende-se, como naqueles filmes de terceira categoria que costumo alugar em dias de chuva como hoje.

Então, ligo o carro. Vou para casa preparar seu jantar. Você sempre foi fiel a horários. 

Não devo atrasar.

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