DANCE COMIGO
Ly Sabas

Vi quando chegaste, protegida pela distância que ia do mezanino até a entrada do salão. Quase parei de respirar. Nunca sei se devo chorar ou rir quando apareces assim; sem que meu coração seja avisado. Ainda sufoco. Ainda deliro. Ainda sonho com o quê nosso amor não foi. Vê-lo caminhar em minha direção, por entre o borrão colorido da multidão, é como uma faca de dois gumes, onde não sei se me enlevo ou entristeço, se morro ou vivo de esperança...

E agora o que peço é que não me tortures! Que desencoste teu corpo do meu. Que deixe uma distância onde o ar possa passar entre nossos peitos e assim, acalmar, um pouco que seja, meu coração. Que não apertes desse jeito minha cintura... nem perfumes, com teu hálito, meus cabelos. Preciso respirar! Sossegue essa mão traiçoeira em minhas costas e afaste um pouco suas coxas. Não sussurres...i mploro, não sussurres.

Não me martirizes mais! Quero rodopiar entre as pessoas e sorrir e exibir-me. Como posso fazer isso se me acaricias e com juras falsas tentas, novamente, prender-me em tua rede de sedução?

Desejo desfrutar deste instante mágico para relembrar outras danças, outros tempos, quando os teus braços e o teu corpo encostado ao meu, geravam só felicidade...Talvez com a ajuda divina da música, consiga fazer sumir as cicatrizes deixadas pelo misto de doçura e rudeza em que se transformou nosso viver. E em cada compasso...pouco a pouco...sem a urgência de antes, voltar ao êxtase sepultando o desencanto.

Dance comigo...dance!

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