FILA DE BANCO
Wesley Nogueira

Li em algum lugar que para se conhecer o mundo, basta se abrir a janela e observar o que se passa fora de casa, mas creio que descobri uma forma mais abrangente, a fila do banco. 

Entrar numa fila de banco, ficar ali, sem ter muito o que fazer, em meio a estranhos, esperando ser atendido, é uma experiência nada agradável. Mas para nos distrairmos um pouco é interessante observar o que acontece à nossa volta: sempre vamos encontrar tipos bem particulares, mesmo nos dias de menor movimento, isso eu garanto. 

Um dos mais típicos é o amigo do gerente, ou ainda o amigo de algum funcionário do banco, ou mesmo do guarda de segurança, sempre querendo dar um jeitinho de cortar a fila e ser atendido antes de todos, esses tipos geralmente parecem ser um pouco surdos, ou se fazem disso, para evitar as reclamações dos meros mortais seguidores da fila. 

Outro tipo de freqüentador bancário é o que se acha cliente preferencial, esse nunca entrou numa fila na vida, geralmente senta-se à mesa com o gerente e enquanto toma um cafezinho, aguarda que algum funcionário do banco cuide de seus papéis pelo lado de dentro da linha de caixas. Esse tipo ainda é mais irritante que o anterior, pois gosta de exibir-se e de sorrir com desdém de todos nós que estamos na fila. 

Mesmo dentro da fila encontramos mais tipos particulares, como por exemplo, os que têm na fila de banco sua profissão, os office-boys que geralmente estão na sua frente e trazem uma maçaroca de documentos e pagamentos, esses passam de meia hora no caixa e tiram a paciência de qualquer um. Sem falar naqueles tipos que sempre estão perto de você, os curiosos, que ficam te mirando e perguntando o tempo todo, puxando conversa, mesmo que nunca tenham te visto mais gordo. Uma variante ainda mais incômoda é o que te pede algo, uma caneta emprestada, ou para você preencher um formulário. 

Por decência, pelo menos existe uma lei que dá preferência aos idosos, grávidas e deficientes para cortarem a fila, pelo menos uma demonstração de respeito num ambiente tão impessoal. 

Tudo isso sem falar nos funcionários típicos do banco, como o caixa que insiste em fazer um lanche justo na hora que você vai ser atendido, ou a funcionária que não larga o telefone enquanto a fila não para de crescer.E o tal guarda de segurança, que sempre quer organizar a fila de modo a puxar algum conhecido mais para a frente. 

Não que eu goste de ficar em fila de banco, aliás, acho um caixa eletrônico vazio uma das melhores invenções do ser humano, mas da próxima vez que for a um banco, procure alguns dos tipos descritos aqui, acho que os encontrará e a muitos outros, e creia, sua espera será menos tediosa. 

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