UM TAR DE CIÚME
Alice

Num é qui eu sinta o tar ciúme, pru mode que nem tem motivo. O meu nêgo Zé da Onça, inté que é fié. O pobrema é qui ele toca sanfona no Forró do SAPO NO BREJO.

E tem por lá uma nêga chamada Zulêde que se isfrega nele na hora do intrevalo. Sei que ente um resfolegar e otro da sanfona, ele ispicha o zói pros peito dela, pruquê ela dexa os bicho boiano pelo decote, a disavergonhada. Ele num tem curpa.

As veis, quando ele num vem namorá, eu fico na janela fingino qui ispero, e desejo sê o copo de cachaça, pa beijá a boca dele a noite toda, sintindo a cosquinha do bigode no meu cangote.

E a sanfona intão? Viche Maria, eu sentada no colo do Zé, apertada daqui e dali, o suor dele iscorreno pro riba de mim,e eu grudada, iscutano o coração sartano no peito dele feito carrapeta.

Num é ciúme não bichim. Eu fico é vexada, cum mêdo das briga de pexêra e facão. As veis sai nêgo de tripa de fora, morre lá mermo.

O primero sinár de briga é quando o cabra apaga a lamparina, nessa hora o sanfonêro tem qui rasgá o fole da sanfona pra mode vê se sarva a situação, o Zé tem mêdo não, puxa um forró do Gonzagão e manda brasa. 

Tô me gabano não, mais o meu Zé, é o mió sanfonêro das banda do Ciará. Terra de cabra da peste.

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