GREEN-EYED MONSTER
Daniela Belmiro

Ah, eu lembro com um pouco de saudade o tempo em que tudo era para mim como estava nos livros, com a segurança de bordas bem-demarcadas e contornos maniqueístas. Porque houve um tempo em que eu acreditei nesse Ciúme Mau, no monstro à espreita. Um tempo bem antes de você (nós?) o convidarmos para deitar na nossa cama e eu me deixar seduzir por aquele olhos verdes, antes de tudo o que era claro ficar turvo e cheio de reentrâncias.

Agora a equação que foi de primeiro grau se abriu num leque imenso de probabilidades algo aleatórias, e eu fico tonta porque nunca fui mesmo muito boa em Matemática. E o ex-monstro me seduz na mesma medida que repugna, e posso ver o par de olhos brilhando esmeralda no escuro de pistas de dança, por trás dos copos na hora do brinde. Agora, meu amor, tudo é ambíguo e tudo me atrai.

A sorte está lançada.

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