FARSA POÉTICA
Adilson Sobrinho

Em eternas procuras no mundo dos sonhos, das palavras fáceis, da boa rima e das tantas filosofias, me vi enganado ou não soube ir à fonte. 

Quando em Caetano procurei nas franjas da encosta, alegria, alegria, quase tive de gritar que é proibido proibir. Andando a toa pelas ruas de Lisboa, procurei o poeta em Pessoa pra dele arrancar qual o tamanho da alma pra que tudo valha a pena. Em Chico busco a medida do Bonfim e nem consigo achar a veia por onde meu sangue se perdeu.

— Garcia, pra que lado fica Macondo ?

— Quintana, onde estás se não estás aqui ?

— Carlos, não encontro a melodia, a paisagem, a transparência da vida e continuo perdido na sua concha ultramarina.

Me atrevo a inquirir o poetinha, onde está o infinito, preciso achá-lo, pelo menos enquanto dure.

À Lennon e MacCartney, pedi Help, enviaram um recado por Julia em um inglês mal educado: "In agreement brother, the dream ended !"

Nereci se perdeu nos oceanos de Djavan, clamo pelo auxílio de Milton pra que me mostre em que direção se dá a travessia.

Me refazendo como o bom baiano ministro, tento aprender a magia de cultivar tomates e colher mamões.

Até tu Caio ? Não me ensinaste a pentear pensamentos matinais; de ti só tive pequenas epifanias. 

Corri listas de anjos, caronas sublimes em suas asas, de A a Z, Adrianas, Albertos, Alberts, Argentos, Betos, Brunos, Ivones, Josys, Julias, Kricas, Lucias e Lulas, etc... Tudo um grande engano, todas as palavras, inclusive muitas que saíram de minha boca, nada mais foram que doces e poéticas mentiras.

É como procurar no Delta do Mississipi aquela perdida canção blue, não me arrisco mais, nessa idade, a comprar e acreditar em sonhos alheios. Que a minha procura de tudo, me leve única e estritamente, ao encontro de mim.

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