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Luciana Pareja Norbiato

tentar encontrar na carne de outro ser a explicação para minha procura onde estou o que sou o que me dói tanto eu não sou eu eu não sou o que tento parecer eu sou algo que não me pertence mas ao que pertenço eu sou algo para além de qualquer controle e minha mente procura esconder o que sou soterrando sob normas regras ditos valores eu não sou isso eu não sou isso eu não sou isso eu quero-me! eu me quero e não sei onde estou não sei como encontrar não sei a que vim e tudo me atravessa como mácula e devia ser benção por que devia o que se deve o que devo tenho medo medo medo medo medo de mim por isso me enjaulo tentando conter meu animal eu sou um animal e nada do que eu possa fazer vai encobrir essa verdade estampada em sangue na minha garganta em grito nos meus olhos no assombro de minha carne em minha dor rutilante porque estou viva apesar de tudo me sinto viva e pulsando e querendo e amando e gritando e tudo o quanto rasga a pele e a decência de um mundo perfeito em sua estrutura giratória de moer que é vamos nos enquadrar que é mais fácil. e quem vai dar conta do que me irrompe nas entranhas? e quem vai dar conta do que me irrompe nas entranhas? E QUEM VAI DAR CONTA DO QUE ME IRROMPE NAS ENTRANHAS? E QUEM VAI DAR CONTA DO QUE ME IRROMPE NAS ENTRANHAS?

procuro o descontrole me procuro procuro o amor crivado de dores belas me procuro procuro o furor que cala em meu útero me procuro procuro um animal foragido e espantado de tantas regras e normas e o que tem de ser o que deve ser o que deve ser feito o que tem de ser feito o que é bom o que é certo o que é belo o que é direito o que é fino o que é moderno o que é clássico o que é normal o que é educado o que é ser o que se deve ser sendo um preconceito de gente qualquer

Não quero não quero não quero doer porque deve ser doído não quero amar porque deve ser amado não quero rir porque deve ser rido não quero chorar porque deve ser chorado não quero nada que deve ser quero

Uma caçada de um só ser sou eu e me caço e me procuro em busca do meu animal enjaulado que começa a comer as hastes frágeis das regras mundanas que o contêm um animal um animal um animal ele me vem e agora sou urro surdo estalos de ossos meu espaço

procura-se quem possa com isso não se procura mais há tantos animais vindo à tona pelos pulsos pelo peito procura-se

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