MINHA FAMÍLIA, EU E A ESPIRITUALIDADE!
Adriana Vieira Bastos

Entrei em casa apressada e levei o maior susto ao pegar na estante Gertrudes - minha bruxinha querida. Ao levantá-la, sua cabeça caiu rolando, inesperadamente à minha frente. Espumando, percebi que o maior mistério ainda estava por vir. 

Perguntei ao meu filho mais velho se, por acaso, tinha quebrado minha doce bruxinha. Sem pestanejar, respondeu: "- Que bruxinha, mãe?". E, tranqüilamente, terminou com o golpe fatal: "- Nem sei do que você está falando!".

Inconformada e já sentindo as vibrações do espírito de Sherlock Holmes orientando minhas investigações, aproximei de minha filha do meio com a mesma pergunta e ela, com seu insuperável ar de superioridade, respondeu: "- Que é isso mãe! Se tivesse quebrado eu contaria".

Voltei e perguntei ao meu marido. Ele, desligado como sempre, confundiu bruxinha com bruxismo e perguntou quem tava com isso. Para não lhe rogar nenhuma praga, pelo descaso com minha companheira de tantos anos, resolvi tirá-lo da lista de suspeitos.

Literalmente exausta, cheguei perto da terceira e última filha, e esta percebendo o estado lastimável em que me encontrava, nem me deixou abrir a boca e foi logo dizendo: "- Ah! Nem vem pra cima de mim. Não tenho nada com isso".

Estava quase dando por encerrada as investigações, quando me toquei, com a história da Bruxinha, que tinha sido aberto a janela para que a espiritualidade pudesse entrar e fazer parte da minha vida: "- Se não foi ninguém de casa e não tinha estado nenhum amigo em casa, só podia ser coisa de fantasma. Simples, não!".

Dando continuidade aquele fluir espiritual, minha filha desligou o telefone e se pôs a ter um ataque de nervos: começou a falar sem nexo, dizia que iria embora, depois mudou de idéia, em seguida eu era culpada de tudo que lhe acontecia e, principalmente, do que não lhe acontecia. 

Inicialmente fiquei brava com aquele ataque. Depois me vi pensando: "- O que será que ela tem? Que fizeram com ela? Alguma coisa aconteceu!". Naquelas alturas, ri e conclui que só mesmo sendo mãe para resistir a toda aquela histeria. E, por incrível que pareça, você resiste! Com filho você desenvolve uma paciência que não teria com mais ninguém. Uma paciência além da compreensão humana. Epa! Novamente a espiritualidade se fazendo presente na minha vida. 

Esgotada pelos acontecimentos do dia, fui para o quarto e deparei-me, pela sexcentésima qüinquagésima vez, com a toalha molhada de meu marido jogada no meu lado da cama. Nesse caso não precisei nem pensar. Matei a charada de cara: só podia ser carma! E só tendo muita "carma" pra resistir...

E antes que resolvesse mais uma vez espernear, senti uma leve sensação de torpor e magia me abrindo para a grande sacada que o universo colocava à minha frente: não precisava ir pra Índia ou qualquer outro lugar para desenvolver os caminhos que me levariam ao nirvana! Bastava estar atenta ao que teria de aprender com esses "seres iluminados" colocados no meu caminho. 

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