PALAVRAS TÁTEIS
Shirley Kühne


Cada palavra dele afiava o punhal 

que esquartejava os meus devaneios 

em inúteis pedaços de carne de 3ª, 

lançados fora, destinados à 

fome de aves de rapina...

Nas febres em nossos encontros

um segundo era tudo o que valia 

depois vinha segunda, terça.......

sábado de aleluia,

pré-malhação de Judas, 

Páscoa insossa, 

chocolate que não adoça.

Imediatamente já era segunda de novo, 

sem tréguas, 

como anáguas de vestidos transparentes

que não encobrem 

os escuros do corpo, 

os defeitos do corpo, 

as mazelas do corpo.... 

tudo muito claro, 

evidente em seus escusos fins 

de não significar nada além 

de segundos, e

ponto. 

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