FLOR DE PRIMAVERA
Marco Britto

Não! Não será agora, que percebo seu gozo, que olharei fundo em seus olhos!

Não é porque me aperta entre as coxas e sufoca-me em êxtase que me deliciarei com seu orgasmo... 

Não já, não neste momento!

Neste instante, enquanto me inebria com seus estertores, mergulho no poço sem fundo de mim e, no labirinto que sou, retrocedo ao passado. Procuro em cada canto deste dédalo a dádiva que sorvo agora. 

Não me perco nas infinitas e confusas divisões que me compõem. Antes disso; encontro-me em todos os fragmentos que a fazem fonte do meu gozo e regozijo. 

Passeando por entre cantos e recantos, deparo com nossos passos que, cruzando-se, jamais se haviam - antes - encontrado. Revejo seu andar dissimulado... insinuante. Procuro mais uma vez, em vão, o brilho nos seus olhos - quase sempre baixos, como a procurar algo mais precioso que minha avidez por você. 

Não! Não serão seus braços puxando-me ao encontro destes seios rijos e nem mesmo o odor embriagante desta vulva que fará esvair-me logo!

Antes de lançar-me ao cume, terei beijado uma vez mais a sua boca, sugado sua língua , aspirado seu perfume... terei percorrido todo seu corpo... tocando-o, mordiscando-o suavemente... Dos mamilos, até as nádegas.

Meus lábios ao seu ouvido sussurrarão todas as coisas e todas as loucuras que me fez sonhar por tantas e tantas vezes!

Antes de explodir em você terei provado do seu cálice até o fim.

E quando meu sorriso tornar-se largo, seu calor tornar-se cálido, quando o silêncio for companheiro na quietude do nosso quarto, segredarei a você todo o desejo, todo o tesão, todo o amor que brota de mim como se fosse o primeiro botão de uma flor de primavera a romper um infinito inverno.... 

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