METAMORFOSE
Louise

Dia das crianças trás a lembrança clara do quanto o Homem se metamorfoseia. Desde a célula primordial única e geradora que ao encontro de seu par sexual inicia suas clivagens. Passando de um amontoado, de aparente caos a um futuro ser. Ora parecendo um peixe, ora um anfíbio? Ora, ora... É o ser denominado sapiens. Muda, muta. Aperta daqui, aperta dali e cresce o ventre já agora tão expandido, acolhendo uma larva que em metamorfose diária eclode num quase acabado ser. Olhos abertos agora para um mundo novo, claro. Constantes mudanças continuam ocorrendo. A primeira vez...O primeiro beijo... O primeiro gozo...O primeiro tapa...O primeiro filho... A primeira perda. Passam-se anos e este ser ainda sapiens continua sua metamorfose, sua busca. Muda daqui, muda dali e agora com rugas na face, cabelos embranquecidos, memórias, passados... Esse sapiens ainda metamorfoseia. Finalmente a larva que durante anos mexeu, virou, viveu, riu, veio, foi... Fechou os olhos e com um último suspiro alçou vôo para uma viagem longa. Desconhecida rumo ao útero cósmico. Uma borboleta cósmica leve, solta, livre.

fale com a autora

Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.