METAMORFOLÓGICO
Rafael Diniz Marques Gontijo

Não se mexa. Estátua. Quando malho desenvolvo os músculos externos, atrofio os de dentro. E danço. E escrevo. Não sofro metamorfose, apenas tento mudar. Tento mudar o que é meu, para o que é nosso. Tento mudar meu lado fiel, para um lado realmente fiel. Tento sair dessa fossa, do jeito que fosse. Mas "trumpico", tropeço, trinco o pé. E sou resgatado por anjos de prata, que estendem suas mãos, que aceito na dúvida de depois poder ser espetado por garfos de bronze.

E sigo minha meta me perdendo em pensamentos que nenhum metafísico explicaria. Me sinto perdido em uma metáfora que não aceita nada no lugar. E sofro metamorfose, quer dizer, tento mudar para sair disso, mas atrofio meu passado. Depois me animo em um som. E junto toda minha raiva para metralhar o sol, que descubro ser de um metal indestrutível. Merda!

Não sofro metamorfose, apenas desemparelho todos os instrumentos usados e monto de um jeito bacana. Desperdiço moléculas de vidro jogadas fora com marcas, com "experimenta". 

Conversa mole. Transformo, mudo, me organizo em diversas estruturas dependentes do clima, mês, ano. Não! Não sofro metamorfose! Maneiro na distância do pênalti, evito o surpreendente.

Não sofro metamorfose. Não sou nenhum sapo, lagarta, monge. Apenas tento mudar meu lado cazuza, para um lado mais Raul. 

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