NUM CANTO QUALQUER DA SALA
Márcia Ribeiro

Dizer o que?
Para quem?
Aqui, escondida,
No canto desta sala
É que posso sentir
O quanto tua presença
Me faz falta

A porta abre, fecha
Fecha e abre
Entram vultos
Saem vultos
E ninguém
Enxerga o desespero
Da tua ausência
Nas lágrimas escondidas
Por detrás das cortinas

Eternos momentos
De nossa alegria
Jogados, sem notícias,
Num canto da sala
Luzes se apagam
Móveis se arrastam
E meus pés se movem
Movimentos?
Rola o maldito corrimão
Rebate falso
Você não veio
Não pode?
Não sente?
Não quer?

Quem haverá de saber
Que nesta sala há uma muda
Que tanto se faz de surda
Para não rasgar, em gritos,
A alma em conflito
Que divide seus anseios
Que repele o próprio medo
Que tem garras de leoa
E o coração de passarinho

Quem haverá de pensar
Escondida lá no canto
Te chamando de acalanto
Fingindo não ser mulher
Traçando o próprio destino
De só amar quando puder

Preciso sair daqui
Eu sei
Eu posso
Mas não quero
E é só por isso,
Por te amar,
Que tanto te espero
Mas não sei como dizer

 

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