NOITE DE INVERNO
Bruno Pessa

Faz frio. Minha pele está distante da tua. Não sei onde estás, o que fazes. Mesmo assim te busco em cada figura a minha volta: teu rosto me surge como um raio de esperança, mas se perde novamente – tal qual um raio...

Volto à realidade, solidão do quarto, ruídos na vizinhança. Janelas fechadas, está frio. A música embala meus sonhos, estás mais bela ainda. Não vejo o lugar, não vejo pessoas, não procuro mais nada – não preciso. Junto de ti, me encontro em outro plano, indiferente ao tempo que interrompe nossas alegrias e prolonga nossa dor, escravizando o mundo que tem pressa. Contemplamos o nosso amor, visualizo o momento com entusiasmo.

Corre o carro lá fora, e desaparece, te levando também. Deliro demais, ultrapasso os limites da razão, a verdade alguma hora aparece, e me impõe tua falta. Indignação. Por quê? Enquanto me agarro ao fio das ilusões, casais namoram, se curtem, se protegem do frio que sinto.

Haverá de chegar a nossa vez? Haverá, não desisto. Creio cegamente nos meus sonhos, e tu és o maior deles. Disponho de poucas armas para lutar, porém carrego comigo o mais sublime dos sentimentos, motor de toda e qualquer felicidade existente: o puro e verdadeiro amor por ti.

A madrugada se aproxima, faz mais frio. Ao deitar, te trago comigo, para que adormeçamos e, pelo menos em sonho, eu possa te amar...

 

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