RICARDO E RITA
Osvaldo Luiz Pastorelli


Apesar do frio queimando os ossos da pele, com a camisa aberta deixando a mostra os pelos do peito, Ricardo esbravejava impropérios alcoólicos contra Rita sem se sentir envergonhado com o fato. Talvez Ricardo já tivesse ultrapassado sua quota de embriaguez, o que ela, Rita, tinha noção que sim. Não se apavorou, era melhor deixar ele falar o que bem quisesse do que impedi-lo, pois isso ocasionaria tumulto. Portanto ficou apenas ouvindo as barbaridades que saíam daquela boca que amava e que já havia beijado. Chamou o garçom, falou alguma coisa no ouvido dele. Um tempo depois, voltando o garçom, entregou-lhe a conta que ela pagou. Nisso Ricardo ficou em pé cambaleando. Rita encostou a mão em seu peito e, fazendo um pequeno movimento, empurrou Ricardo para trás - o que o desequilibrou, batendo a cabeça na parede e caindo imóvel entre as cadeiras. Rita não se perturbou, pegou suas coisas, levantou-se e vagarosamente saiu do restaurante. Isso era realmente um testemunho de amor? Ricardo, quando acordou, estava sentado na sarjeta, tendo ao lado um cachorro que afoitamente lambia seu rosto.

 

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