CHEIRO DE MATO
Thaty Marcondes

 

Trago, da minha infância,
a lembrança do brilho das estrelas
que entrava pela fresta do telhado
no quarto onde eu dormia,
na casa de minha avó!

Minha pequena xícara
de porcelana branca
(alça de gatinho),
a gemada morna,
o fogão à lenha...

Brincadeiras da roça,
fazia tijolinhos:
terra e água no ponto certo,
como me ensinara meu avô
que disto entendia,
pois tinha uma olaria
em seu pequeno sítio.

E depois que o sol se punha,
na beira da estrada,
amoras e framboesas nos convidavam,
crianças soltas,
a experimentar seus frutos.

Quando chovia eu não gostava da lama,
mas adorava o cheiro:
cheiro de mato, terra molhada,
sempre um arco-íris despontava
e depois da canja ou do ovinho frito
(fresquinho, colhido na hora),
uma historinha prá dormir
e eu novamente me deitava
segura, feliz,
para admirar o brilho das estrelas
que entrava pela fresta do telhado...

 

 

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