TEOREMA ESTRATAGEMA
Rosi Luna

A primeira equação inadequada: quadrado, vidrado e apaixonado. É, foi Pitágoras que veio dar pitaco que em um triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa, é igual a soma dos quadrados dos catetos. E foi como no triângulo das Bermudas que me prendi de atenção por aquele que julgava ser meu polígono de três lados. Ele era um Teorema, e por conseguinte meu dilema. Dizem que os matemáticos não tem rosto e que é uma ciência infinita. Toda vez que me aproximei, nunca o toquei, nem com as retas das minhas incertezas. Por isso me tornei uma Hipotenusa confusa na busca de solução dessa equação amorosa. Na progressão geométrica, meu amor crescia em números e letras.

Para simplificar os cálculos, apareceu o logaritimo. E isso podia transformar a operação de multiplicação em soma, comecei a sacar de lógica. Quer dizer por mais difícil que fosse a resolução, mais iria render folhas de exercícios. Ele me queria longe e ativa como uma tabuada que vive multiplicando. Por isso não me deixava sem logaritimos diários. O problema era que o sentia tão metade da minha laranja, tantas convergências, que queria encontrá-lo a todo custo em qualquer seno, ou obseno gesto. Não havia trigonometria que nos aproximasse, ele criou um sitema de integrais pra se proteger.

Ao mesmo tempo não conseguia acompanhar seu veloz raciocínio e a pergunta pairava na álgebra: porque não formavamos um conjunto unitário, pelo menos por uma linha de equação. Porque não cruzavamos numa esquina e nos cumprimentavamos como velhos conhecidos que éramos. Porque ele teimava em traçar paralelas só pra cortar meu coração. Eram tantas dúvidas matemáticas emblemáticas. A idéia de logaritimo tinha uma simplicidade embutida, o nome logaritimo é nova denominação pra expoente. Me sentia cada vez mais exposta e queria impor respostas que nunca obtive. Cadente, expoente, sol nascente e onde estaria as flores remanescentes do carinho corporal que tanto procurava.

Estava tudo tão sem solução. Tomei conselhos com Ptolomeu, o primeiro cientista celeste, matemático e de quebra astrólogo. O sistema descrito por ele ditava que a terra estava no centro e os outros corpos descrevendo círculos concêntricos ao seu redor. Essa informação me deixou concentrada, isso dava margem a pressentir que ele fazia círculos ao meu redor. Eram como baforadas em rodelinhas de algum produto para fumantes amantes. Se aquele homem estava em órbita celeste teria mesmo que tomar um foguete, cortar um torniquete e fazer sangrar toda minha angústia.

Longe das esferas da trigonometria, arquitetei cálculos matemáticos lunáticos. Escrever fórmulas complicadas seria a única maneira de chegar a raiz do problema. O nosso encontro combinatório era uma disputa diária, elimitória é claro, contando com uma vasta correspondência que não teria número de páginas determinado. Éramos movidos por inspiração de binômios anônimos, uma ligação entre x e y que equacionadas ao cubo daria um somatório de mil palavras de atenção, combinação e fração. Nos entrecortavamos pra nunca acharmos a solução. Tropeçando na raiz quadrada achei nosso máximo denominador comum. Cruzavamos um vértice literário nos termos equidistantes dos extremos. Todo cuidado era pouco pra não resolver a regra de três. Nesse ponto era tão sem nexo que apareceu até a galinha pedrez pra rimar e confundir o problema.

Chegamos a seguinte conclusão ilógica: o homem Teorema e a mulher Hipotenusa tinham pontos onde quase se encotravam num postulado das paralelas para as geometrias hiperbólicas. Se não fosse por um traço diria que era uma equação recíproca de primeira espécie e, sendo opostos compostos, teriamos um outro tipo de equação indecifrável. Jamais colocou-se em questão que as duas retas acabariam por se encontrar, num ponto teórico que fosse, pois tinha permanência garantida dentro do espaço denominado "pensamento".

As questões filosóficas, eram auto-evidentes pois mesmo longe fisicamente o fator de ligação era "o infinito". Nunca houve tempo pra marcar um encontro paralelo, dizem que o cerebelo fazia questão de manter o equilíbrio da racional distância. Sempre fizeram conta de em quantos números caberia seus desejos. Não houve matemática que apontasse resultados. O abstrato não se conta. É como o amor, não ter peso nem medida. O teorema estratagema, aconteceu depois de ficar implicito que "depois do amor" a única forma de não ser percebido, seria se esconder numa equação sem solução.

PS. fazer cálculos matemáticos faz bem ao coração, o Ministério da Saúde adverte some, multiplique, faça combinações, use sempre a linha de raciocínio, não deixe em declínio. Nesse momento o número é 1 hora da madrugada e 7 minutos, tenha 7 vidas e 7 amores.


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