ANISTIA: AMPLA, GERAL E IRRESTRITA
Paulo Henrique Pampolin

Quando esse acordo foi firmado entre militares e sociedade civil no Brasil, a intenção era botar uma pedra sobre o passado negro. Deveria ser esquecido que militares torturaram, mataram e agrediram pessoas comuns. De outro lado, estavam perdoadas pessoas no exílio e aqui mesmo na terra brasilis que cometeram segundo o exército, subversões.

Começava uma nova época. Estava aberto o caminho para reinvindicar eleições diretas, para por fim ao longo período de ditadura militar.

O que veio a seguir estamos vendo agora. Iniciou-se uma fase onde a ditadura deixou de ser explícita, mas não deixou de existir. Algo muito pior estava sendo tramado. Estavam confiscando o direito a uma educação de boa qualidade.

Assim, deixou-se de investir em escolas públicas. Na verdade, as escolas públicas foram sucateadas. Salários miseráveis para desanimar os heróicos professores, falta de equipamento básico de ensino e uma tal “progressão continuada” que é a maior aberração de todos os tempos. Um sistema que impede qualquer aluno de ser reprovado. Com isso, se tem hoje conforme reportagens, alunos de quinta série que mal sabem escrever o nome.

Por outro lado, para completar a conspiração, canais de televisão e rádio começaram a empurrar garganta abaixo do povo o “circo”. Assim a grande massa teria a diversão que pedia e esquecia-se de ver o que estava acontecendo no país. Dessa forma, um presidente mudou a constituição para emendar um mandato no outro, inventou que um dólar era igual a um real, todos acreditaram felizes da vida, deixou uma dívida externa impagável e todos continuam felizes.

Vi em um programa de televisão que o grupo É o Tchan! está completando dez anos. Isso significa que os adolescentes que há dez anos atrás estavam dançando na boquinha da garrafa, hoje estão se formando na faculdade. Claro, os que não achavam que escola termina no terceiro colegial.

Já é possível ter uma noção de que tipo de gente foi formada. Uma geração de burros, alienados e felizes. Conheço gente formada que acha que Fidel Castro é um ditador russo. Conheço brasileiro formado que nunca ouviu falar de Oscar Niemayer. Já ouvi de um jornalista que Margaret Tatcher é uma atriz. Dizem isso rindo, como se fosse engraçado não saber coisas tão óbvias.

Pérolas como essas podem ser vistas diariamente no programa Sem Saída na tv Record, onde alguém respondeu que a capital do Acre é Minas Gerais e capital da Holanda é Inglaterra. Isso só para citar alguma coisa que me lembro.

A primeira geração de burros está formada. Outras tantas ainda virão. É por essas razões que se entende, porque um político metido em tantos processos por desvio de dinheiro público, ainda consegue ter votação expressiva em eleição.

Mas, já cantaram em alguma música que “o povo tem que virar óleo para botar na máquina do estado”. Ou como disse Raul Seixas... “pobre povo feliz e adestrado”.

Quando a imensa massa acordar, haverá novamente Anistia Ampla, Geral e Irrestrita para esquecer tais atrocidades?

 

fale com o autor

Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.