NÃO ACREDITO EM PAPAI NOEL
NEM EM ANO NOVO!
Mairy Sarmanho
 
 

Aguardava, ansiosa, o início do ano novo, com a mesma velha esperança que me acompanha há tantos anos, desde o momento que ancorei minha barca nesse porto terrestre. Todo o ano era a mesma coisa: dia trinta e um assumia o estranho papel de renovação e costumava acreditar nisso, fielmente.

Esse ano, alguma coisa quebrou no meu coração. Li o best-seller "O Código Da Vinci" e, pela primeira vez em minha vida, comecei a me indagar a cerca das convenções sociais que nos impõe e as quais preservamos, às vezes, com sacrifício. Não significa, com isso, que perdi a esperança no futuro. Absolutamente. Continuo tão otimista quanto sempre. O que aconteceu, na verdade, foi que comecei a pesquisar a origem de tudo o que me impuseram. E descobri, com algum desprazer, ter sido enganada. O ano não começa no dia primeiro de janeiro: sabe-se lá quando inicia, pois ninguém sabe a data da criação do mundo. O que aconteceu foi um grupo de reis e poderosos terem se reunido e decidido, há mil e seiscentos anos atrás, e definido que o ano do nascimento de Cristo seria o ano 1 e começaria em primeiro de janeiro... O pior é que Cristo não poderia ter nascido naquele ano, visto Herodes (que marcou seu nascimento, segundo contam, perseguindo sua família) morreu quatro anos antes! Comemorar o quê, então, no dia primeiro?

E não posso acreditar no Natal pelo mesmo motivo, pois a data foi estipulada para sobrepujar uma comemoração pagã de sacrifício humano que ocorria no dia 25 de dezembro! Fazer o quê? Quando abrimos os olhos e descobrimos que tudo não passa de engodo, temos de nos render... O saber tem lá o seu preço; conhecimento custa mais caro do que a maioria pensa! Vivemos num mundo de mentiras, onde os poderosos iludiram os mais humildes e estabeleceram suas regras e conceitos a fim de eliminar suas crenças e rituais. O poder corrompe, a miséria aprisiona e a sabedoria cobra um preço altíssimo! Essas são as leis da terra!

Hoje, não posso retornar no tempo e desconhecer aquilo que percebi. Tenho de conviver com minha descrença e descobrir uma forma mais digna de viver e sobreviver nessa sociedade tão errada e cruel. Tenho de seguir em frente, mesmo que o dia primeiro de janeiro seja um dia qualquer e meu mundo tenha virado de ponta-cabeça. Quem quiser saber, saberá, mas há de pagar um preço por isso!

 
 

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