A PROPAGANDA É A ALMA DO NEGÓCIO
Suzana Garcia
 
 

Um olhar de espanto, foi o que vi quanto entrei no consultório.A recepcionista estava com o olho tão arregalado que automaticamente minha reação foi a de fazer uma auto checagem, daquelas em que "agente" se olha dos pés à cabeça para ter certeza que tudo esta bem.

Conferi as sandálias, a cor do esmalte, a barra da calça, o cinto, a blusa e até o relógio. Tudo bem. Respirei fundo e fui até ela.

- Bom dia! - disse ela, ainda com aquele olhar de quem estava falando com um E.T.

Respondi bem rápido para não perder o ritmo e completei informando de minha consulta com Dr. Olavo e após a confirmação de que ele estava atrasado uma hora pediu-me para aguardar.

Bingo! Sentei logo à sua frente para observá-la melhor. Seu olhar não alterava em absolutamente nada nem para atender ao telefone! Continuava olhando-me com os olhos esbugalhados a ponto de me fazer pegar uma revista e folhear, como fazem as crianças, olhando só as figuras.

Pensei com meus zíperes, afinal nada em mim tinha botão, será que errei na maquiagem? Devo estar péssima! Fui ao banheiro para uma checagem final.

Voltei à recepção e antes mesmo de voltar a sentar-me o Dr.Olavo abriu a porta e com um sorriso cansado chamou-me. Conversamos por um bom tempo. A consulta era particular. Falei sobre o que me incomodava, o que poderia ser feito para manter o ar natural sem alterar meu rosto. Rosto? Lembrei-me do olhar de espanto da recepcionista, olhei para Dr.Olavo e disse:

- Tudo bem doutor, vou pensar um pouco antes de marcar a cirurgia de pálpebra.

Não sei quanto a vocês, mas não volto lá nunca mais.

 
 

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