ETERNIDADE MORTAL
Waldyr Argento Júnior
 

Apostou toda a sua sorte naquele projeto. Foram anos e anos de estudo e solidão. Acreditava que poderia tornar-se um deus através de sua pesquisa.

Na faculdade, assim como no trabalho e, por conseguinte em sua vida pessoal ele vivia solitário. A tristeza era sua eterna companheira, mas a esperança de um dia atingir o seu objetivo dava-lhe o consolo necessário nas noites vazias.

Já havia realizado vários testes em animais e até obteve um certo êxito, porém sempre interrompido por uma ou outra falha, todavia este pequeno deslize era sempre fatal.

Obcecado pelo sucesso, começou a aplicar pequenas doses do seu invento em si próprio. No início os efeitos eram pequenos. Passou a sentir-se mais forte e com maior disposição física. Depois foram as rugas que desapareceram paulatinamente. Seus cabelos brancos foram substituídos pela cor natural e enfim ao olhar-se no espelho, pode observar o quanto de beleza ele deixara perder-se devido a sua desenfreada loucura.

Nos dias seguintes experimentou uma sensação nova, foi quando apaixonou-se perdidamente por uma menina linda de dezoito anos. O medo de voltar a ser velho novamente se tornou maior que o receio de perder a vida. Dia após dia ele tomava seu "drink rejuvenescedor".

O tempo passou e o dito cujo acabou marcando o casamento com a princesinha. Naturalmente teve que falsificar a certidão de nascimento e a carteira de identidade. A cerimônia foi marcada e a festança devidamente planejada.

A noite estava linda e a lua iluminou aquela nova união. Os convidados ficaram deslumbrados com a festa e principalmente maravilhados com a beleza do casal. Quando finalmente chegou a hora por ele mais esperada, ou seja, a lua de mel, o inesperado resolveu tomar as rédeas da situação.

Primeiro foram a s dores de cabeça da bela cônjuge, depois foram as desculpas esfarrapadas e tudo culminou no episódio da traição com seu pupilo, o jovem aprendiz de feiticeiro, o Dico.

A desilusão tomou conta do pobre homem. Muito desapontado resolveu procurar sua velha amiga de faculdade, a Bia. Porém, para sua surpresa encontrou-a morta e após os exames laboratoriais detectou a presença da tal substância na velha companheira. E depois de muito chorar e se arrepender, encontrou poesias de amor e uma carta na qual ela fechava com a antiga música cantada pelo Fred Mercury (Queen): Who wants to live forever?.

 
 

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